ES: Os custos de produção vêm aumentando para o produtor rural, porém, os preços médios de venda não acompanharam esta alta. Em algumas culturas do Estado, as despesas com insumos, transporte e mão de obra encareceram e fizeram com a produção rural chegasse a ficar 9,1% mais cara em 2018 do que em 2016.
Nesse mesmo período, o preço médio de comercialização chegou a cair até 71% no Estado, segundo um estudo do Centro do Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), divulgado na última semana.
De acordo com a pesquisa, em média, os custos de produção no Espírito Santo tiveram um aumento de 6,37%, entre 2016 e 2018.
O estudo apontou que o valor gasto para produzir cacau (9,1%), pimenta-do-reino (9%), pecuária leiteira (8,4%), café arábica (7,3%), coco (7%), café conilon (5,7%) e mamão Havaí (5%) foram os que mais cresceram.
Apesar dessas altas, o índice médio de 6,37% ficou abaixo da inflação oficial de janeiro de 2017 a janeiro de 2019, que foi de 6,99%.
Segundo o presidente do Cedagro, Gilmar Dadalto, em 2016 o valor médio dos produtos estava mais elevado devido à baixa produção. Naquele ano, as lavouras ainda estavam sentindo os efeitos da seca de 2014 e 2015.
“Atualmente, está ocorrendo o oposto. Temos uma produção elevada, mas com preço mais baixo. Em resumo, o produtor rural teve uma remuneração baixa em 2017 porque colheu pouco por causa da crise hídrica e agora porque os preços estão baixos”, avalia.
De uma lista com 11 itens produzidos no Espírito Santo, apenas três – tomate (22%), pecuária leiteira (10%) e abacaxi (0,6%) – tiveram alta no preço médio pago ao produtor. Já pimenta-do-reino (-71%), mamão Havaí (-31%), coco (-27%) e café conilon (-25%) desvalorizaram.
A pimenta-do-reino foi a cultura mais afetada com a variação negativa dos preços de venda. O quilo da especiaria, em 2016, foi comercializado pelo produtor, em média, a R$ 23,65. Já no ano passado, esse valor caiu para R$ 6,90.
Uma das saídas para essa equação é a diversificação das culturas. Segundo o diretor-técnico do Incaper, Nilson Araujo Barbosa, é importante que o produtor não dependa de uma fonte única de renda.
“Além disso, é importante que o agricultor e o pecuarista calculem quanto gastam para produzir aquela cultura. Em alguns casos, mesmo o preço de venda estando em baixa, ele tem um bom retorno com o produto, mas o oposto também pode ocorrer, por isso, é bom ter esses cálculos”, explica.
Ainda de acordo com Nilson, é importante seguir as recomendações técnicas da cultura. “Com isso, o produtor não desperdiça insumos e consegue melhorar sua colheita. Assim, os custo de produção acabam ficando menor em relação a uma produção mais elevada”, conta. (Gazetaon-line)