JAGUARÉ: Se o dia 13 de dezembro de 1981 foi de grande festa para o então criado Município de Jaguaré, a data de 01 de Fevereiro de 1983 também encontra-se no mesmo patamar, pois marca a instauração de Jaguaré. Nesta data tomaram posse prefeito e vereadores, o que concretiza e efetiva a criação de um Município. Fruto dos esforços de gerações, hoje Jaguaré vislumbra-se como a 19ª economia do Estado do Espírito Santo*.
Após a emancipação o então prefeito de São Mateus, Túlio Pariz, continuou administrando as duas cidades. Somente após as eleições municipais de 1981 que foram eleitos prefeito e vereadores. Na ocasião a posse dos eleitos foi realizada pelo Juiz de São Mateus Adalto Dias Tristão.
Nesse ato assumiram:
Prefeito: Domingos Sávio Martins
Vice-prefeito: Ozílio Carlos Pansini
Vereadores: Antônio Menegardo Giovaneli, Eugênio Salvador, Francisco Aldecir Fernandes, Luiz Almeida, Paulo Roberto Sasso, Tarcísio Chavate e Vicente Cosme.
Uma das curiosidades é que o recém instaurado Município não possuia Prefeitura, Câmara de Vereadores, leis ou funcionários. Assim o primeiro ato foi o Decreto Nº 001/1983, que autoriza a locação de imóvel para a instalação da prefeitura, do então Sr. Nicolau Falcheto. Os atos seguintes são a autorização de contratação emergencial de pessoal e a transferência de recursos para a Câmara Municipal.
O Jornal O Conilon procurou em reportagem alguns destes personagens para o relato da história, acompanhe:
Sávio Martins
“Tivemos um grande momento de luta, de liderança e de união quando conquistamos a Emancipação. Depois tivemos o momento de divisão, visto que tivemos uma disputa política. Sou extremamente grato a Deus e a população para ser o primeiro Prefeito de Jaguaré.
Mas aproveito para lembrar do meu grande parceiro, o primeiro vice-prefeito, Ozílio Carlos Pansini, bem como dos primeiros vereadores escolhidos para representar a população. Cito os grandes esforços do 1º Presidente da Câmara de Jaguaré Paulo Roberto Sasso e dos demais vereadores Antônio Menegardo Giovaneli, Eugênio Salvador, Francisco Aldecir Fernandes, Luiz Almeida, Tarcísio Chavate e Vicente Cosme que trabalharam intensamente para construir toda a estrutura jurídica necessária para o funcionamento de umMunicípio.
Agradeço o apoio do Juiz de São Mateus Adalto Dias Tristão que deu posse a mim e aos primeiros vereadores. Lembro do meu companheiro Alaídes Mariani, o Primeiro Secretário de Gabinete e primeiro funcionário da Prefeitura de Jaguaré.
Cito ainda a importância naquele momento de grandes lideranças, além daquelas citadas pelos outros ex-prefeitos, como Calixto Dagostini, nosso 1º Tabelião, e Antônio Sossai, nosso 1º Juiz de Paz.
Ser o primeiro prefeito foi encontrar um Município inteiro a ser estruturado, legal, físico e politicamente. Mas agradeço todo o apoio do prefeito de São Mateus, Túlio Pariz, que contribuiu muito para o processo de emancipação e de construção da administração com a união de várias lideranças.
E lembro ainda que tive apoio do então Governador Gerson Camata, e de deputados Estaduais, como Nyder Barbosa de Meneses e Jorge Dayer Filho, que mesmo sendo de partidos políticos diferentes nos ajudaram muito. Fico feliz por ter tido a oportunidade e deixado minha contribuição.
Como é bonito ver como Jaguaré cresceu nestes 40 anos, graças a um povo guerreiro, um povo trabalhador. Que mesmo diante de tantas disputas políticas colocaram nosso Município no patamar que está.
Aproveito esta oportunidade, frente os 40 anos de Instauração de Jaguaré, de dizer que acredito que cada prefeito, a seu modo, teve a oportunidade de trabalhar para dignificar o nosso povo. Que cada prefeito teve atitude progressista pela Cidade.
Tivemos disputas políticas ferrenhas e Jaguaré já sofreu muito. E até nós políticos, com o tempo entendemos que temos que abdicar de vaidades e interesses e passemos a pensar no futuro do Município.
Digo isto frente a última eleição e o excelente trabalho que o atual prefeito Marcos Guerra tem feito em sua administração. Temos um momento de paz, de uma nova era. E espero ver um Jaguaré esquecendo as paixões políticas. Creio que aquilo que aconteceu de bom, vamos aplaudir, o que aconteceu de errado, que seja esquecido. Desejo, por fim que Jaguaré continue crescendo graças a força de trabalho que nosso povo tem.
O ex-prefeito Alaídes Mariani Conta ainda que o processo de emancipação se tornou mais concreto nas eleições de 1976. Neste período o distrito de Jaguaré conseguiu eleger o vice-prefeito, Túlio Pariz, e quatro vereadores (Sávio Martins, Zoel Bonomo, Ozílio Carlos Pansini e Manoel Moreira Braga). “Nos tornamos uma força política muito grande e isso foi canalizado para o processo de emancipação’.
Buscando na memória, e em seu arquivo onde guarda uma cópia, relata que o Decreto Nº 004/1083 trata de sua nomeação como Secretário de Gabinete. “Significa que fui o primeiro funcionário da Prefeitura de Jaguaré. Tivemos um período muito difícil. Tivemos que construir toda a estrutura física e legal para o Município funcionar.”
Evilázio Altoé
Lembra que Jaguaré é fruto do processo de colonização iniciado em meados da Década de 1960 a então área pertencente ao município de São Mateus era apenas mata e considerada terra devoluta. Famílias vindas do Sul do Estado iniciaram o processo de desbravamento, desmatamento e construção das primeiras moradias, serrarias e vilas.
“Foi um processo difícil, de muito trabalho mas eu via o esforço de várias lideranças que desde 1960 já vislumbravam uma emancipação como forma de desenvolvimento da pequena vila. Tivemos estes esforços de Nicolau Falcheto, Paschoal Brioschi, Pedro Altoé, meu pai Oclarindo Altoé e tantas outras lideranças nas comunidades. Fosse em Fátima, Barra Seca, Palmito, Água Limpa e no Centro tínhamos lideranças que pensavam igual e buscavam melhorias para a pequena vila que em 1964 já se tornava um Distrito de São Mateus” – relatou o ex-prefeito Evilázio Altoé.
Lembra que a primeira grande riqueza veio do extrativismo da madeira e carvão. Em seguida, graças as tecnologias de irrigação e instalação de pivôs de irrigação o município, despontou na produção de feijão e milho. Mas ressalta que grande riqueza veio realmente na produção do café Conilon, onde Jaguaré possui uma das maiores médias de produtividade do País. Cita ainda a produção da pimenta-do-reino e a ‘benção do petróleo’.
“Tive a honra de governar Jaguaré por três mandatos e tive o privilégio de ver a gente chegar a ser a 10ª economia do Espírito Santo. Somos um município muito abençoado por Deus. Uma terra altamente produtiva e com a riqueza do petróleo. Mas também somos fruto de um povo muito trabalhador. De famílias cristãs, trabalhadoras que não mediram esforços para melhorar o local onde viviam. E espero que o futuro seja de oportunidade para toda esta juventude que vem chegando” – avaliou.
Marcos Guerra
O atual prefeito de Jaguaré, Marcos Guerra, destacou que sente-se agraciado e abençoado por estar a frente do Município ‘em um momento de transformação”. Aproveitou a oportunidade para homenagear os pioneiros no desbravamento e as primeiras lideranças políticas. “Se hoje estamos em um Município com tantas potencialidades isso dá-se principalmente aos esforços de famílias, homens e mulheres que trabalharam dia e noite para erguer uma cidade no meio da mata. Hoje, frente a celebração dos 40 anos de Instauração do Município de Jaguaré reforço o compromisso de minha administração em trabalhar para valorizar e potencializar tudo que já foi construído. Também ressalto que estamos trabalhando para construção da Jaguaré que todos desejamos, com geração de emprego e renda, sustentabilidade e inclusão social”.
*(Considerando-se como referência o Índice de Participação dos Municípios)