O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informou na tarde deste domingo (15) que a retirada da rede, em caráter preventivo, de um dos dois servidores da Justiça Eleitoral provocou sobrecarga e, consequentemente, dificuldade de acesso do eleitor que tentou justificar ausência na eleição por meio do aplicativo e-Título.
De acordo com o ministro, a retirada da rede de um dos servidores foi feita preventivamente em razão do ataque hacker no último dia 3 ao sistema do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Desde a manhã deste domingo, eleitores relatavam dificuldades para fazer a justificativa por meio do aplicativo. Segundo Barroso, foram baixados 13 milhões de e-Títulos, dos quais 3 milhões neste fim de semana. Até as 15h, informou o ministro, 560 mil eleitores tinham justificado a ausência.
“Depois dos ataques aos servidores do STJ, reforçamos a segurança dos nossos sistemas. Tiramos um servidor da rede e fizemos um backup. Assim, teríamos um servidor fora do sistema. Com esse servidor desligado, o servidor remanescente sofreu uma sobrecarga. E afetou o desempenho ótimo do e-Titulo. Essa é uma das explicações”, declarou Barroso durante entrevista coletiva no TSE.
De acordo com o ministro, o objetivo da medida foi assegurar que, na hipótese de um ataque cibernético, haveria um servidor fora do sistema com todas as informações preservadas.
Segundo ele, “o sistema está funcionando. Apenas não está dando vazão a toda a demanda”.
“A principal funcionalidade, que é a identificação do eleitor, funcionou perfeitamente. Mas houve instabilidade sobre local de votação e justificativa de quem esteja fora do seu local de votação”, declarou.
De acordo com o ministro, apesar da decisão de desligar um dos servidores, a medida não afetou a função principal do e-Título.
Tentativa de ataque
Barroso afirmou que neste domingo houve uma tentativa de ataque ao sistema do TSE, “totalmente neutralizada”, segundo ele, pelos tribunal e pela operadoras de telefonia.
Segundo ele, a tentativa de ataque consistiu de um grande volume de acessos simultâneos com o suposto objetivo de derrubar o sistema.
Abstenção
O ministro afirmou que há uma preocupação com o aumento da abstenção nestas eleições.
“Temos feito uma convocação geral para comparecimento. Precisamos reconhecer que estamos numa pandemia, mas vi a sociedade muito mobilizada. Vamos saber no final do dia”, afirmou.
Barroso conclamou os eleitores a votar, afirmando que a segurança está garantida nos locais de votação. “É seguro e nós estamos precisando do comparecimento maciço.”
Credibilidade
O ministro também afirmou que está garantida a integridade do sistema de votação e da totalização de votos.
O candidato que perde geralmente diz que perdeu por algum motivo de fraude. Se você imprimir o voto, todo mundo vai pedir conferência dos votos. Vai criar um inferno gerencial. Portanto, não ter voto impresso é uma solução para um sistema que está funcionando bem”, disse.
Segundo Barroso, quatro presidentes (Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro) foram eleitos sem problemas sob a urna eletrônica. Ele mencionou a auditoria realizada em 2014 pelo PSDB, que não identificou fraude na eleição de Dilma Rousseff.
“O Brasil é a quarta maior democracia no mundo. Mas o Brasil é um país tão singular que até quem ganha reclama de fraude”, declarou.
Ocorrências
Durante a entrevista, que se iniciou por volta das 14h30, Barroso deu as seguintes informações:
1,7 mil urnas substituídas (0,38%)
252 ocorrências em todo o país envolvendo candidatos e eleitores
30 candidatos presos (são 550 mil no total), principalmente por boca de urna
36 eleitores presos, principalmente por prática de boca de urna