VATICANO: A homilia do Papa se deteve em dois pontos, que partiram da definição sobre o “Paráclito” que Jesus promete aos discípulos. Segundo o Papa, Paráclito significa Consolador e Advogado.
“O Paráclito é o Consolador. Todos nós, especialmente nos momentos difíceis, como aquele que estamos atravessando, por causa da pandemia, procuramos consolações”, disse. O Pontífice lembrou, porém, que muitas vezes se procura somente o consolo terreno, do momento, ao passo que Jesus oferece o consolo do céu, o Espírito.
A diferença, segundo o Papa, é que as consolações do mundo são como anestésicos: dão alívio momentâneo, mas não curam o mal profundo que há por dentro. Já o Espírito Santo age por dentro, visita o íntimo do coração.
“Irmã, irmão, se você sente o breu da solidão, se carrega dentro um peso que sufoca a esperança, se tem no coração uma ferida que queima, se não encontra a via de saída, abra-se ao Espírito Santo”, exortou o Papa.
Aqui Francisco mencionou o exemplo dos apóstolos, que estavam sós e perdidos naquela manhã, tinham medo e, diante dos olhos, suas fragilidades. Depois recebem o Espírito Santo e tudo muda. Os problemas e defeitos permanecem os mesmos, mas se sentem consolados por dentro e querem derramar o consolo de Deus.
A exemplo dos apóstolos, também os fiéis são chamados a testemunhar no Espírito Santo e serem consoladores, destacou o Papa. E isso não com grandes discursos, mas com oração e proximidade.
“O Paráclito diz à Igreja que hoje é o tempo da consolação. É o tempo do anúncio feliz do Evangelho, mais do que do combate ao paganismo. É o tempo para levar a alegria do Ressuscitado, não para nos lamentarmos do drama da secularização.”
O Paráclito: Advogado
Refletindo sobre o segundo significado – Advogado – o Papa ressaltou que, no contexto histórico de Jesus, o advogado não exercia suas funções como hoje. Em vez de falar pelo acusado, costumava ficar perto dele e sugerir argumentos para se defender.
Assim faz o Paráclito, disse o Papa. Defende-nos da falsidade do mal inspirando-nos pensamentos e sentimentos. E o faz com delicadeza: propõe, não impõe.
Aqui, o Papa citou três sugestões típicas do Paráclito a se acolher: viver no presente, procurar o conjunto e colocar Deus antes do eu. Trata-se de três antídotos contra tentações tão difundidas hoje em dia.
“O Espírito nos recorda a graça do presente. Não há tempo melhor para nós: agora e aqui onde estamos é o único e irrepetível momento para fazer bem, fazer da vida uma dádiva. Vivamos no presente!”.
Depois, procurar o conjunto. O Papa lembrou aqui que o Espírito nos funda como Igreja na variedade dos carismas, em uma unidade que não é uniformidade. Os próprios apóstolos eram diferentes entre si, com ideias políticas opostas, visões de mundo diferentes. Mas quando recebem o Espírito aprender a priorizar não o seu ponto de vista, mas o todo de Deus.
“Hoje, se ouvimos o Espírito, não nos concentraremos em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda: se fossem estes os critérios, significaria que na Igreja se esquece o Espírito. O Paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades. Faz-nos sentir parte do mesmo Corpo, irmãos e irmãs entre nós. Procuremos o conjunto!”.
O terceiro grande conselho é colocar Deus antes do eu. Francisco pontuou que somente esvaziando-se de si será dado espaço ao Senhor; de pobres em espírito nos tornamos ricos de Espírito Santo. “Vale também para a Igreja. Não salvamos ninguém nem a nós mesmos com as nossas forças. (…) A Igreja não é uma organização humana – é humana, mas não é só uma organização humana – a Igreja é o templo do Espírito Santo”.
Francisco concluiu a homilia pedindo a consolação do Espírito Santo para os corações. “Faça-nos missionários da tua consolação, paráclitos de misericórdia para o mundo”.