BRASIL: Mais um Natal que chega e mais umas quantas tradições que se repetem em cada casa portuguesa e, muitas das vezes, nem sequer sabemos porque fazemos um presépio ou colocamos uma meia na lareira. Tudo tem uma origem e tudo tem um significado. Por vezes começa-se com algo inocente que acaba por virar moda ou por vezes possui um valor muito mais simbólico em representação de alguns aspectos da vida de Cristo ou de passagens da Bíblia. Compreender a origem e o significado das tradições de Natal é dar-lhes ainda mais valor nesta época tão especial.
Presépio
Para os cristãos, o presépio é das mais antigas tradições de celebração do Natal. Normalmente montado ao lado da árvore e dos presentes, recria o nascimento do menino jesus num estábulo. A sua origem, na forma actual, remonta ao século XVI, mas há registo de presépios desde o século III. É habitualmente composto por José, Maria e Jesus, pelos 3 reis magos, por animais e por um ou mais anjos. Todos os outros que eventualmente aparecem, não faziam parte da guest list!
Meia na Chaminé
Conta a lenda que um homem da nobreza, desgostado pela morte da sua mulher, terá esbanjado a sua fortuna deixando as suas 3 filhas sem grandes posses. São Nicolau, sabendo que esta família passava por maus momentos, montou o seu cavalo branco e decidiu ir até à casa atirar 3 bolsas com moedas de ouro pela chaminé. As bolsas caíram dentro das meias que as raparigas tinham lavado e pendurado na lareira para secar. Daí a tradição e a razão das meias serem sempre de tamanho 48 para cima!
Papai Noel
Originalmente os vikings vestiam alguém que representasse o Inverno e recebiam-no tão bem quanto possível para acalmar as forças da natureza. Mais tarde, confundiu-se o Pai Natal original com o São Nicolau, um santo bispo da cidade turca de Myra que era conhecido pelas suas generosas ofertas de presentes e pela protecção às crianças. Dessa mistura e mais tarde da publicidade da Coca-Cola, nasceu o Pai Natal actual.
Azevinho
O azevinho é um arbusto de crescimento muito lento que nasce por toda a Europa durante o Inverno. Nesta época é muito utilizada nas decorações natalícias, simbolizando amor e esperança. Também é colocada à porta das casas como sinal de protecção. Se já vos passou pela cabeça comerem as bagas vermelhas do azevinho, saibam que são tóxicas. 20 a 30 bagas no bucho de um adulto e … kaput!
Bolo Rei
O Bolo Rei é um bolo tradicional português que se come na altura do Natal e até ao dia de Reis. A forma redonda com um buraco no meio lembra uma coroa, com os frutos secos e as frutas cristalizadas para dar cor. No seu interior podem também encontrar uma fava que, segundo a tradição, concede um desejo a quem calhar numa fatia – a história de ter pagar o próximo bolo é tanga! Até há uns anos também se incluía um brinde que foi proibido pela UE por motivos de segurança, já que o brinde era feito de metal.
Postais de Natal
Em meados do século XIX, na época de Natal, o inglês Sir Henry Cole costumava escrever a uma grande quantidade de pessoas a desejar-lhes Boas Festas. Na tentativa de criar um processo mais simplificado, criou um postal com uma imagem e uma mensagem de Natal. A imagem que utilizou foi tão polémica e tão falada, que o conceito acabou por se generalizar. Por cá a massificação do envio de postais de Natal aconteceu muito à conta da solidariedade para com a Unicef.
Missa do Galo
É celebrada à meia-noite, e assinala o nascimento de Jesus, na noite de 24 para 25 de Dezembro. Reza a lenda que à meia-noite do dia 24 um galo teria cantado, anunciando a vinda do Messias. Tradicionalmente, depois da missa, as famílias voltam para casa, colocam a imagem do Menino Jesus no Presépio e distribuem os presentes. Todos os anos na noite de consoada é possível acompanhar na televisão a celebração pelo Papa da missa do galo no Vaticano.
Consoada
Uma tradição portuguesa cujo nome vem do Latim “consolata”, de “consolare”, “consolar”. Antigamente as vigílias que celebravam o nascimento de Jesus eram feitas em jejum, que ao longo dos séculos foi abolido e substituído pela refeição a que o povo chamou de Consoada. Ao início consistia de uma refeição leve de peixe mas hoje é tradicionalmente composta por bacalhau cozido, batatas e couves, seguida de uma quantidade exacerbada de doces. Segundo a tradição, a mesa da Consoada não deve ser levantada e a louça usada não deve ser lavada. Os restos de comida também devem ficar na mesa a noite toda por respeito para com os mortos da família.
Árvore de Natal
A primeira referência à árvore de Natal no formato actual data do século XVI. Na Alemanha todas as famílias decoravam pinheirinhos de natal com papéis coloridos, frutas e doces. A tradição espalhou-se por toda a Europa e chegou aos Estados Unidos no início de 1800. Desde essa altura que a popularidade da árvore de natal tem aumentado. Reza a lenda de que o pinheiro foi escolhido como símbolo do Natal por causa da sua forma triangular e que de acordo com a tradição cristã representa a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Presentes
Desde há cerca de dez mil anos que os povos agricultores trocavam presentes, normalmente excedentes alimentares, no solstício de Inverno, como forma de celebrar o facto de o Inverno já estar a meio e em breve regressarem os dias bons. Era um costume pagão e os cristãos não conseguiram suprimi-lo. Ao invés, subverteram o conceito e a oferta de presentes passou a simbolizar a entrega de oferendas ao Menino Jesus pelos Reis Magos. Nos dias de hoje as prendas são essencialmente para as crianças que deliram com o momento de rasgar o papel de embrulho e não ligam nenhuma à maioria dos presentes!