PRESIDENTE KENNEDY: Amanda não estava entre os alvos dos mandados de prisão temporária expedidos no âmbito da Rubi, mas agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ao cumprirem mandado de busca e apreensão na casa da prefeita, depararam-se com a realização de uma reunião e uma quantidade razoável de dinheiro. Amanda foi presa em flagrante.
Um dos promotores do Gaeco contou à reportagem que um dos investigados realizou, ontem, um saque no valor de R$ 30 mil. Esse dinheiro foi localizado dentro de uma mochila. Além dessa pessoa – um empresário -, a prefeita e agentes públicos, que não eram alvo da investigação, participavam da reunião.
No local, também foi aprendido mais dinheiro, mas o valor não foi divulgado. Há indícios de que o montante seria usado para pagamento de vantagens indevidas. Na casa de Amanda, também foram apreendidas duas armas sem registro, que pertencem ao noivo dela. Os dois foram levados para delegacia de Itapemirim por volta das 21h30.
Um policial da reserva, que atuava como segurança particular da prefeita, também foi conduzido à delegacia pois estava com o registro da arma vencido.
Procurada, a assessoria de comunicação da prefeitura de Presidente Kennedy informou que acompanhava a operação e iria se manifestar posteriormente. A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Amanda Quinta.
CONTRATOS
A Operação Rubi vai muito além de Presidente Kennedy. De acordo com MPES, o objetivo é desarticular e colher provas relativas à atuação de uma organização criminosa constituída para lesar os cofres públicos também nos municípios de Marataízes, Jaguaré e Piúma por possível direcionamento licitatório em favor de pessoas jurídicas contratadas, pagamento de vantagem indevida a agentes públicos e superfaturamento de contratos administrativos de prestação de serviço público.
Foram expedidos cinco mandados de prisão temporária, cinco mandados de afastamento funcional de agentes públicos e 11 mandados de proibição de acesso às dependências de órgãos públicos. O objetivo também era cumprir 25 mandados de busca e apreensão pelos agentes do Gaeco, sendo nove em Presidente Kennedy, cinco em Marataízes, dois em Jaguaré, um em Piúma, um em Cachoeiro de Itapemirim, um em Linhares, um em Jerônimo Monteiro, dois na Grande Vitória e dois no Rio de Janeiro, emitidos pelo juízo da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo.
As investigações, que duraram aproximadamente um ano, colheram fortes indícios do envolvimento de agentes políticos e servidores municipais no recebimento de propina de empresários dos ramos de limpeza pública e transporte coletivo como contraprestação a benefícios financeiros em licitações e contratos e possível enriquecimento indevido dos envolvidos.
Os crimes investigados são: organização criminosa; fraude em licitações; lavagem de dinheiro; corrupção ativa e passiva; e falsidade documental.
O OUTRO LADO
A Prefeitura de Piúma informou que reúne documentos referentes à empresa que presta serviço de limpeza. “Aguardamos o desenrolar da investigação para maiores informações”, diz a nota. A Prefeitura de Jaguaré afirma ter recebido com surpresa a informação da operação. “Não houve nenhuma manifestação formal do MP ou cumprimento de mandado no município”. A Prefeitura de Marataízes disse “primar pela legalidade e lisura de todos os seus atos administrativos, e não medirá esforços para colaborar com as investigações”. (Secom MPES, Gazeta.com)