ES: Bento, de 1 ano, só se alimentou de leite materno até os seis meses de vida. De lá para cá, começou a experimentar frutas, legumes e verduras. Aos poucos, também foi provando das carnes e atualmente se amarra em quiabo, banana, ovo e todos os tipos de proteínas que são liberados para a idade. O menininho fica longe de açúcar, sal e outros itens ultraprocessados, comumente encontrados no supermercado. E todo esse planejamento alimentar é para fazer com que ele tenha uma saúde de ferro e aprenda a comer da forma correta desde cedo.
“Ele foi bem tranquilo na introdução da comida. Tive muito leite, até doei, e isso me deixou tranquila, também. Hoje em dia ele come de três em três horas, de acordo com recomendação da nutricionista que me acompanha desde a gestação”, diz a mãe do rapazinho, a servidora pública Karla Lugon Mazzoni, de 36 anos. Ela prepara refeições leves e, agora, está introduzindo queijo e outros derivados do leite, já que Bento já está liberado para comer esse tipo de alimento.
O fato é que, até os primeiros anos de vida, essas crianças não devem comer alimentos com açúcar, sal, comidas gordurosas e ingredientes processados ou industrializados. “Isso não vai fazer com que ele não goste de açúcar no futuro, por exemplo, mas vai educá-lo desde cedo. Ele vai comer o açúcar, vai gostar, mas quando for o momento certo. Assim, ele vai consumir de forma moderada e consciente, evitando uma grande quantidade de doenças e complicações de saúde no futuro”, explica a nutricionista Fabiana Sales.
Segundo a especialista, o maior problema que o mundo enfrenta hoje é que, cada vez mais cedo, os bebês estão tendo contato com produtos “prontos”, aqueles que ficam nas prateleiras dos supermercados e nos rótulos juram de pé junto que são totalmente saudáveis para crianças. “Eles são práticos e acabam chamando a atenção da família por isso. Mas não são nutritivos. Dos 6 meses aos 6 anos há uma lacuna grande, mas, em suma, o cardápio deve ser feito à base de comida da feira, com muitas frutas, legumes, castanhas e carnes saudáveis”, orienta.
Isso é o que também diz a pediatra especialista em Nutrição Materno-Infantil do São Bernardo Apart Hospital, Francine Fiorot Prando de Vasconcelos: “A geração atual sofre pela falta de informação. Passamos a ser mais práticos e é barato oferecer uma papinha pronta, um biscoito, um alimento embalado às crianças, sobretudo quando elas passam dessa etapa de serem muito novos.”
E acrescenta: “a propaganda de um iogurte que diz que o produto tem ferro e cálcio e tudo o mais pode até ser verdade. Mas as mamães não podem esquecer que aquele produto também tem açúcar, corantes e conservantes, que são mais prejudiciais do que benéficos.”
APRENDER A COMER
Todo o cuidado que Karla tem com o Bento é com o objetivo de ensiná-lo a se alimentar para a vida. E o esforço vai valer a pena. “Tive acompanhamento da nutricionista e pediatra desde a gestação e o plano é que ele vá se acostumando com isso. Na hora das refeições, seja um lanchinho, não deixo que ele veja TV, não o distraio com nenhum celular ou tablet porque quero que ele entenda que aquele momento é dedicado à alimentação.”
Mesmo com ele muito novo, Karla observa que os sinais já são positivos, o que a deixa contente. A servidora pública passa parte do dia fora de casa, mas isso não atrapalha no cardápio regrado do menino, que continua também se alimentando do leite materno. “Eu sempre tive muito leite e como doei, quanto mais eu tirava, mais estimulava a produzir. Depois de um tempo passei a deixar o leite congelado em casa, conforme orientações, para servir de alimento para ele”, finaliza.
CARDÁPIO
Fique longe
Até os 6 meses, o ideal é que a criança fique só no aleitamento materno. Depois disso, fica proibido açúcar, gordura, mel, sal e qualquer outra comida à base de ingredientes processados ou industrializados. A partir do 1º e 2º anos de vida é que as especialistas sugerem começar a liberar mais tipos de frutas, laticínios e pratos mais elaborados.
Prefira
Depois da fase do aleitamento, o bebê pode começar a experimentar frutas, legumes e verduras acompanhadas de algumas proteínas, como ovo (em casos especiais, a proteína é restrita). Depois, mais ou menos a partir dos 2 anos, podem ingerir alguns tipos de carboidratos e farinhas e só depois dessa fase é que podem começar a ter contato com quaisquer comidas que tenham açúcar e sal, que devem ser introduzidos no cardápio aos poucos e sob orientação profissional.