BRASÍLIA: O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta sexta-feira (10), a indicação do professor Milton Ribeiro para ministro da Educação. Ribeiro é doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e graduado em direito e teologia. Desde maio do ano passado, integra a Comissão de Ética da Presidência da República. O decreto de nomeação foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União.
O cargo estava vago desde a semana passada, quando a nomeação de Carlos Alberto Decotelli foi revogada, sem que ele tivesse tomado posse, depois de uma série de inconsistências curriculares terem vindo à tona.
Ribeiro é o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro. Em declarações recentes, o presidente disse que estava buscando um nome de perfil “conciliador” para a função.
Milton Ribeiro tem uma trajetória ligada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde foi reitor em exercício, vice-reitor e superintendente da pós-graduação lato sensu. Ele também fez parte do conselho deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie e da Comissão de Ética e Compliance da mesma instituição.
O currículo de Ribeiro informa que ele já atuou como representante da Universidade Mackenzie na Conferência New Frontiers in the Figth Against Corruption in Brazil at Columbia Law School, no Estados Unidos, e como diretor administrativo da Luz Para o Caminho, agência de produção de mídias da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Como reagem as entidades.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) aprovaram a escolha do pastor Milton Ribeiro para assumir o comando do Ministério da Educação (MEC). O anúncio do novo ministro foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro em rede social, nesta sexta-feira (10).
Em nota à imprensa, a Abmes destacou o que chamou de “currículo sólido” de Milton Ribeiro, que é, conforme a nota, “doutor em Educação, tem experiência em gestão universitária e um perfil discreto”.
Para a Abmes, “este é um momento desafiador em consequência da pandemia da Covid-19 e toda a atenção será necessária para que a retomada segura das atividades acadêmicas presenciais”. Na nota, a entidade afirma esperar que o novo ministro tenha “um diálogo propositivo em prol da educação superior de qualidade no país”. A Abmes se colocou à disposição “para manter a contínua contribuição na pauta positiva das políticas públicas necessárias para ampliar a inclusão e a democratização do ensino superior, apoiando a volta do crescimento do acesso ao setor privado de educação superior”.
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Também em nota à imprensa, a Fenep destacou a experiência profissional do novo ministro e desejou “pleno êxito na nova empreitada à frente dos desafios da educação brasileira”. Segundo a nota, a escolha é “uma ótima notícia para fecharmos a semana”, pois a entidade afirma ter assuntos pendentes para tratarem a Educação como pauta prioritária no Brasil.
Para a entidade, que representa um segmento composto por mais de 40 mil instituições, este é um momento que “merece total atenção devido ao atual cenário que vivemos, em decorrência da Covid-19, somado à reabertura das escolas, com a modalidade presencial”.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vê a nomeação de Milton Ribeiro como uma ameaça ao estado laico. Para a entidade, que representa sindicatos de professores em todo o país, a escolha “representa um enorme retrocesso ao país”.
“O ineditismo de termos agora no país um ardoroso evangélico a ocupar o cargo de Ministro da Educação indica um afronte contundente à laicidade do Estado: o pastor Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana de Santos, é ligado à Universidade Mackenzie. Seu doutorado na USP versou sobre o calvinismo no Brasil e é um especialista no Velho Testamento da Bíblia. À sua filiação religiosa, não cabe nenhum interdito, já que todos têm o direito a seguir qualquer religião no país, princípio assegurado constitucionalmente. O que nos causa indignação é o cargo a que este senhor está sendo nomeado agora: a educação brasileira é e deve ser sempre marcada pelo seu caráter laico e republicano, agora sob risco de um ministro que, segundo informações veiculadas na imprensa, é visto como ‘terrivelmente evangélico'”, afirma a CNTE.