BRASIL: A participação efetiva do pai na vida de um filho, principalmente na educação, promove segurança, bem-estar, contribui com a autoestima e ainda dá bases sólidas para a estabilidade emocional. Conversamos com uma psicopedagoga e uma psicóloga e elas falaram sobre o quanto é importante ter a figura paterna no processo de aprendizagem dos filhos no contexto escolar.
Importância do pai na vida escolar do filho
A advogada Elaine Nogueira se separou do marido quando o filho Arthur Nogueira tinha apenas 3 anos de idade. Hoje ele está com 9 e ela se desdobra para ter participação assídua na vida escolar do filho. Ensina dever escolar, participa de reuniões, vai às apresentações escolares, jogos de futebol na escola, participa efetivamente nos estudos para as provas e realização de trabalhos em todas as disciplinas.
Para ela, é uma forma de tentar suprir a falta que o pai faz e não deixar que o filho seja tomado por sentimento de frustração.
“Muitas vezes me pego fazendo coisas que tenho certeza, que é função do pai, como ir a um jogo escolar por exemplo. Me desdobro para dar conta de ensinar dever, ajudar nos estudos para a prova. Frequentemente faço chamadas de vídeo com meu filho para ensinar dever, quando estou no trabalho. Me dedico e dou o máximo de mim, para que eu seja mãe e pai ao mesmo tempo, já que o pai de verdade, tem pouca participação nesse sentido e só fica com ele a cada 15 dias”.
Segundo a psicóloga Mariana Santos, a figura paterna é representativa para o filho, pois o pai é aquele que estabelece com a criança a relação que vai além da mãe e integra, então, o núcleo familiar, considerado o primeiro agente de socialização, responsável por transmitir aos filhos normas, princípios e valores.
“O segundo agente de socialização é a escola. Portanto, a educação se constrói de maneira integral envolvendo a participação familiar e escolar. Ter a presença do pai da forma mais precoce possível, vai ajudar no fortalecimento de vínculos familiares e desenvolvimento da personalidade da criança, ainda mais quando tratamos de educação, tanto a de casa, quando a educacional, de fato. Toda formação de personalidade da criança se dá mediante ao contexto familiar, então, a figura paterna é, sim, indispensável”.
Em complemento ao depoimento da psicóloga, a psicopedagoga Geovana Miranda fala que a figura paterna ocupa posição importante na vida escolar dos filhos, em especial, na primeira infância, até a adolescência.
“A presença do pai é decisiva para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de uma criança, e uma boa interação com a função paterna vai possibilitar ao filho uma melhor autoestima e uma estrutura psicológica mais forte para tomar decisões como a escolha da profissão, como exemplo. A função paterna é complementar à materna e tem papel estruturante na formação do ego dos filhos e na inserção destes na sociedade”.
O que ocorre quando há falta da figura paterna?
Segundo as profissionais, a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo dos filhos.
“Entre os principais prejuízos podemos citar o impacto do distanciamento, seja físico ou afetivo, refletido em sentimentos de desvalorização, abandono, solidão, insegurança, baixa autoestima e dificuldades de relacionamento que começam a ser percebidos na infância e interferem no desenvolvimento até a idade adulta”, pontou Geovana.
A psicopedagoga também deu orientações para relações cada vez mais saudáveis e ricas de interação afetiva entre pai e filho, sejam pais casados, solteiros, mães que são também pais, pais adotivos e a toda forma de exercer a paternidade.
“É fundamental que os pais participem da vida dos seus filhos, troquem a fralda, levem ao médico, brinquem, acompanhem os estudos, eduquem, orientem para a vida e ofereçam a eles um modelo de apoio e de segurança. Fazer parte da vida do filho trata-se de construir seu ambiente interno, sua visão de mundo, garantia de pessoas melhores e consequentemente um mundo melhor”, finalizou.