ES: O cenário epidemiológico atual das Arboviroses no Brasil, em especial das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti como dengue, chikungunya e zika, é um alerta importante para o comportamento desses vírus no território capixaba. Com objetivo de integrar esforços de diferentes setores do Estado no enfrentamento ao mosquito e reduzir número de casos e óbitos, o Governo do Espírito Santo instituiu o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) de Arboviroses.
Também como medida de resposta célere para ações administrativas e assistenciais, o Governo do Estado decretou a Situação de Emergência em Saúde Pública em razão do cenário epidemiológico das arboviroses. Os anúncios foram feitos nesta quarta-feira (21) pelo governador Renato Casagrande após reunião com prefeitos, no Palácio Anchieta.
O Centro, inicialmente, integrará ações conjuntas da Secretaria da Saúde (Sesa), da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), com a possibilidade de articulação de demais órgãos, com reuniões semanais.
Além disso, o governador Renato Casagrande anunciou o repasse de R$ 2 milhões aos municípios capixabas para enfrentamento às arboviroses, que poderão ser utilizados em apoio às ações de redução de risco e dano causado, de acordo com o Plano de Contingência das Arboviroses de cada município.
“Estamos com uma situação grave em diversos estados do País. Isso exige um reforço nos cuidados que já estamos adotando, além da maior integração das ações. Temos duas pessoas que infelizmente perderam a vida e outros 11 casos em investigação. Alguns municípios montaram uma sala de situação e quem ainda não montou, é importante tomar essa decisão para que fiquem integrados conosco. Temos a Dengue Tipo 1 e Tipo 2, mas em diversos Estados foram identificados o Tipo 3 e Tipo 4”, alertou o governador.
A criação do CICC tem como princípio integrar, coordenar e articular os órgãos para o enfrentamento às arboviroses a fim de definir soluções e nivelar informações e o uso de recursos.
“O Centro de Comando e Controle vai funcionar como um ponto central de gestão, monitoramento e coordenação das atividades relacionadas ao combate à dengue. Trabalhar juntos vai nos possibilitar a análise de dados e informações em tempo real, para o devido planejamento de estratégias de prevenção, controle e resposta às demandas emergentes. O Corpo de Bombeiros Militar demonstrou sua expertise no planejamento deste tipo de ação no período em que combatemos a pandemia da Covid-19. Por meio das estratégias de mapeamento de áreas de risco, o Espírito Santo se mostrou um vanguardista nas ações de proteção à vida. Esperamos poder contribuir da mesma forma no combater à dengue”, afirmou o subcomandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Roger Amaral.
O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Hekssandro Vassoler, também destacou a importância da cooperação interinstitucional no enfrentamento de crises de saúde pública. “O Centro de Inteligência de Defesa Civil (Cidec) é um local construído e planejado para reunir diversos órgãos e servir como ponto de centralização de informações e de tomada de decisões. Assim como temos trabalhado para prevenir e mitigar os efeitos de desastres naturais, vamos agora, usar dessas estratégias, para combater a epidemia de dengue”, apontou.
Dados
O Espírito Santo vivenciou, em 2023, a maior epidemia de dengue, com 192.136 casos notificados e 98 óbitos. Atualmente, o Estado é o sexto no ranking brasileiro entre as unidades federativas com maior incidência da doença, ficando atrás do Distrito Federal, Minas Gerais, Acre, Paraná e Goiás.
Além disso, dentro do cenário da dengue, há a circulação no País de quatro sorotipos, sendo notificado no território capixaba apenas os sorotipos DENV-1 e DENV-2, mas já com a circulação confirmada do DENV-3 e DENV-4 em estados que fazem fronteiras, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e na Bahia.
Durante a apresentação, foram mostrados que os dados de 2024 no Espírito Santo já apontam mais de 24 mil casos notificados de dengue, mais de 1,3 mil casos notificados de chikungunya e 507 casos notificados de Zika até a semana epidemiológica (SE) 07.
“O nosso objetivo é poder trabalhar com todas as forças para reduzir os impactos que estas doenças já têm trazido ao País neste ano, de forma a estabilizar os casos notificados e reduzir os óbitos futuros. E isso será proposto também de forma integrada, com a saúde no centro das ações, mas com a participação importante de todos os demais atores nesta mobilização”, destacou o secretário de Estado da Saúde, Miguel Duarte.
O subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, acrescentou que foi estabelecida a Sala de Situação da Sesa voltada exclusivamente para os assuntos estratégicos das arboviroses, que possui um importante papel no enfrentamento da epidemia e no fortalecimento dos dados epidemiológicos.
“A Sala de Situação atua desde o monitoramento dos casos bem como a qualificação das informações, de modo que consigamos avaliar a situação epidemiológica das arboviroses por municípios e do Estado como um todo. Desta forma, conseguimos planejar ações e reforçar outras já em vigor para combater as doenças provocadas pelo mosquito”, explicou Orlei.
Estratégias
Para as primeiras ações a serem trabalhadas pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) de Arboviroses, serão definidas ações voltadas ao combate aos focos do vetor, por meio de treinamentos com apoio aos agentes de campo.
Para o fortalecimento dessas ações, elas serão pautadas de acordo com as informações disponibilizadas no Mapa de Risco, que apontam os municípios com maiores incidências de casos e também os municípios com situações mais críticas. Os dados do Mapa são atualizados diariamente pela equipe técnica da Sesa, de acordo com informações de notificações dos municípios realizados no sistema de notificação compulsória, o e-sus Vigilância em Saúde.
Outra estratégia a ser trabalhada, é o fortalecimento de campanhas educativas em todo território, com suporte de todos setores que integram o CICC. Campanhas que visem o combate ao vetor e também ao cuidado em saúde.
Além disso, a preparação do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma conjunta em todo Estado, como o fortalecimento da testagem de RT-PCR para o diagnóstico das arboviroses, assim como a importância dessa ferramenta para a vigilância genômica dos vírus. O apoio aos municípios com insumos e orientações, tais como a ampliação de salas de hidratação.