BRASIL: Dezembro e janeiro são os conhecidos meses de festas e férias. Folgas, a chegada do verão, filhos em recesso escolar. As férias influenciam no descanso físico e mental, por tirarem a pessoa da estafa e da rotina de trabalho diária, por isso são tão importantes para que se possa trabalhar de maneira serena e produzir a contento.
“Sabe-se que para uma pessoa se desligar por completo desta rotina de trabalho, leva-se de sete a dez dias”, explica a psicóloga e especialista em Psicoterapia Breve Psicanalítica e em Psicossomática Psicanalítica, Luana Barbosa de Moraes. “Sendo assim, entende-se que tirar os 30 dias de férias é o mais recomendável para esta transição do trabalho para o descanso. Existem estudos que mostram que este é um tempo em que os hormônios, como serotonina e adrenalina, vão voltando não apenas para esta rotina de trabalho, mas que vão trazendo outras sessões de prazer que não olhar uma tela de computador, por exemplo”, acrescenta a especialista.
Algumas pessoas, porém, optam por vender parte das férias e não tiram os 30 dias permitidos por lei. Segundo a psicóloga, isso já pode elevar o nível de estresse. “Um levantamento realizado pela Associação Internacional do Controle do Estresse revelou que o Brasil é o segundo país do mundo com níveis de estresse altíssimos. Uma doença que está ligada diretamente ao estresse é a Síndrome de Burnout, e já atinge três em cada dez trabalhadores do país”, alerta.
O ajudante geral Daniel Antônio Strombeck trabalha em um restaurante e há quatro anos tem vendido suas férias. A renda extra que isto proporciona, porém, começou a não compensar o cansaço que Daniel passou a acumular. “Você acaba aprendendo que o tempo é mais importante que o dinheiro. Compensa mais tirar um tempo para descansar do que conseguir um dinheiro extra”, afirma.
Descanso e produtividade
Produtividade e descanso estão intrinsecamente ligados. A psicóloga Luana fala de como as empresas têm se atentado a essa relação. “Nas empresas, alguns estudos mostram que o que tem dado retorno com relação a esta melhoria de produtividade e a redução do absenteísmo é a implantação de programas que almejam basicamente a melhoria do ambiente organizacional, por meio de ações motivacionais, de promoção de saúde, como ginástica laboral e plano de saúde, e reconhecimento, seja por meio de bonificação ou apenas simbólico”, afirma a especialista.
Ainda segundo Luana, é importante que o funcionário se sinta bem em um ambiente de trabalho agradável, que perceba que é assistido. “Programas assim ajudam a não ter este ‘gap’ entre a produtividade e o descanso”, pondera.
Turismo x tirar férias
Descansar e se desconectar da rotina diária leva tempo. E nem sempre viajar para um outro lugar durante as férias pode significar descanso e sossego.
“A diferença de fazer turismo e tirar férias é certa. Vai desde uma questão semântica, das palavras, até considerações emocionais do que isto implica”, detalha Luana. “Se entendermos turismo basicamente com fins de entretenimento e férias como período de descanso a que se tem direito, pode-se dizer que um não é sinônimo do outro. Não é preciso se estar de férias para se fazer turismo ou que, necessariamente, precise fazer turismo nas férias. Vai depender de pessoa para pessoa o que representa descanso neste contexto”, afirma a psicóloga.
Desconectar-se
Desconectar-se de redes sociais, telefone, e-mails parece fora de questão, sobretudo nos dias de hoje. Mas será que nem nas férias não é possível refrear o uso desses aparelhos?
“Ficar 100% sem eles é uma tarefa quase impossível”, avalia Luana. “Algumas pessoas fazem isto com mais facilidade do que outras. O essencial é conseguir desconectar daquilo que faz mal ou impede de se viver bons momentos”, acrescenta.
Ainda segundo Luana, não é necessário desligar o celular pelos 30 dias, mas tentar se conectar por pouco tempo, entre um ou duas horas, responder o necessário e voltar ao cotidiano. “Algumas pessoas realmente não conseguem se desconectar por completo, mas se conseguirem por períodos mais longos, já ajuda bastante”, finaliza.