ES: Durante coletiva de imprensa, realizada na tarde desta quarta-feira (30), na Secretaria da Educação (Sedu), em Vitória, membros da Sala de Situação instituída pelo Governo do Estado para o enfrentamento aos atos de violência ocorridos em escolas no município de Aracruz apresentaram o Plano de Ação integrado entre Governo do Estado e Prefeitura para lidar com o fato nos próximos dias e semanas.
Entre as ações traçadas de forma conjunta e previstas estão: assistência às famílias enlutadas de forma presencial ou por teleatendimento; acolhimento coletivo dos docentes, discentes e demais trabalhadores; intervenção na estrutura física da EEEFM Primo Bitti; readequação das atividades pedagógicas para o público da escola atingida, entre outras.
O Plano de Ação está dividido em quatro fases: I – consiste em ações a serem desenvolvidas na primeira semana (até o dia 04/12), II – ações implementadas nas semanas compreendidas entre os dias 05 e 25/12, III – ações que ocorrerão entre as semanas compreendidas entre os dias 26/12 a 31/01, e IV – ações implementadas a partir de 1º/02. Todo o atendimento foi pensado para a acolhida dos seguintes públicos: comunidade escolas das unidades atingidas diretamente, escolas não atingidas das redes estadual e municipal, familiares das vítimas e profissionais que presenciaram o ocorrido.
O secretário de Estado da Educação e coordenador do Grupo de Trabalho, Vitor de Angelo, explicou que, de forma emergencial, foi estruturado um Plano de Ação, em consonância com o calendário escolar, que conta com quatro fases. Esse planejamento envolve as áreas da Educação, Segurança Pública, Saúde e Assistência Social.
“Estamos na primeira fase, que é a mais crítica, em que as escolas atingidas estão fechadas. Já existem ações que estão sendo executadas nesta semana, como uma ressignificação da escola. A unidade está passando por uma reformulação de ambientes, pintura e correções nos danos físicos causados pelo atentado. Para as próximas fases, as ações estão sendo discutidas com a comunidade, com a singularidade que o caso exige”, explicou Vitor de Angelo.
O Plano de Ação tem como público-alvo todos os que fazem parte das Escolas Primo Bitti, Centro Educacional Coqueiral e a EMEF Coqueiral; as escolas não atingidas, de todas as redes, sendo municipal, estadual e federal; familiares; e os profissionais que fizeram o primeiro atendimento e socorro nos locais dos atentados.
O secretário da Educação também falou sobre o contato que foi criado para que a comunidade possa se informar, procurar apoio, bem como fazer solicitações, que é pelo do e-mail: [email protected].
Já o secretário de Estado da Saúde, Tadeu Marino, afirmou que o trabalho tem sido intenso desde sexta-feira (25). “Desde o início do episódio, não medimos esforços para atender todas as vítimas dessa violência, com trabalho ágil e eficiente dos profissionais do Samu192 e organização da rede hospitalar para assistência. Lamentamos demais os óbitos. Temos em nossa rede hoje cinco pacientes internados, recebendo a melhor assistência médica e multiprofissional. Além dos internados, temos várias outras pessoas afetadas emocionalmente pelo ataque nas escolas e nossa equipe tem trabalhado em parceria com o município para organizar uma rede de assistência focada na saúde mental”, pontuou.
“Estamos focados, acima de tudo, em levar acolhida e escuta qualificada e atenta para as pessoas que vivenciaram, direta e indiretamente, esses acontecimentos tão brutais”, afirmou a secretária de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Cyntia Figueira Grillo, que também esteve na coletiva.
O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Marcio Celante, destacou que as forças policiais atuam de maneira preventiva, em conjunto com as demais instituições. “Estabelecemos um protocolo de funcionamento do Ciodes para que as ocorrências sejam tratadas com prioridade alta e estabelecemos policiamento constante nas imediações das unidades de ensino. Ainda vamos fazer um planejamento específico, com a Polícia Militar, para o ano de 2023”, pontuou.
Também participaram da coletiva as secretárias municipais de Educação, Jenilza Spinassé Morellato; de Desenvolvimento Social e Trabalho, Iohana Kroehling; e de Saúde de Aracruz, Rosiane Scarpatt Toffoli.
Confira o que está previsto no Plano de Ação, por área:
Educação
Fase 1: Reorganizar o calendário escolar das unidades com atividades escolares suspensas
Realizar visitas às escolas para reunião diagnóstica inicial
Reunir com representantes da comunidade escolar para definição das ações relativas à Fase II
Estruturar o plano de acolhimento e atendimento para retorno às atividades escolares
Ressignificar estrutura física escolar
Fase 2: Retomada das atividades nas escolas
Promover ações de acolhimento e socialização da comunidade escolar
Definir ações relativas à Fase III
Fase 3: Definir ações relativas à Fase IV
Utilizar o espaço da escola eventualmente para atividades culturais, esportivas e lúdicas durante o período de férias escolares
Fase 4: Implementar ações definidas na Fase III
Saúde
Desde a última sexta-feira (25), equipe técnica da Secretaria da Saúde (Sesa) está em contato com a equipe da saúde do município para traçar ações a serem desenvolvidas a cidade. Nesta quinta-feira (1º), a equipe estará a cidade em reuniões com o município para discutir as propostas do plano de ação, que conterá ações de atendimento direto ao cidadão e formação das equipes de saúde da família no acolhimento das pessoas que estão em sofrimento pela violência sofrida.
Fase 1: Assistir as famílias enlutadas de forma presencial ou por teleatendimento, conforme demanda
Constituir Grupo de Trabalho Técnico Intersetorial para organização das intervenções. Realizar levantamento do número de pessoas diretamente atingidas
Definir o Serviço de Saúde de Referência: Unidade Básica de Saúde de Coqueiral de Aracruz, Unidade Básica de Saúde na região central do município, CAPS e um componente da rede de urgência para atendimento a eventuais crises fora do horário de atendimento administrativo
Criar agenda para organizar ações/intervenções no curto, médio e longo prazos
Fase 2: Acolher, formar e orientar os profissionais que atuam nas unidades de referência para atendimento ao público-alvo
Acolher coletivamente os docentes, discentes e demais trabalhadores em seu retorno
Iniciar o acolhimento das pessoas diretamente afetadas, conforme levantamento realizado na Fase 1
Capacitar os técnicos voluntários com a oferta de formação e definição dos locais de atendimento
Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador
Fase 3: Dar prosseguimento ao cuidado em saúde mental às pessoas diretamente afetadas numa perspectiva intersetorial, individualmente e/ou em grupo
Propiciar o apoio matricial em saúde mental, com discussão quanto ao manejo dos casos
Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador
Fase 4: Dar prosseguimento ao cuidado em saúde mental às pessoas diretamente afetadas numa perspectiva intersetorial, individualmente e/ou em grupo
Propiciar o apoio matricial em saúde mental com discussão quanto ao manejo dos casos
Desenvolver ações com foco nos trabalhadores da educação em parceria com a Vigilância em Saúde do Trabalhador
Realizar ações de Formação Continuada aos trabalhadores da saúde em todos os níveis de atenção
Assistência e Desenvolvimento Social
Fase 1: As equipes socioassistênciais oferecerão espaços qualificados de acolhida e escuta. Os serviços serão, nesse primeiro momento, ofertados às três escolas localizadas no município, identificadas como aquelas que sofreram de maneira mais direta com os atos de violência.
Fase 2: Será criado os serviços de convivência, em que será possível iniciar um trabalho de reflexão, superação e fortalecimento de vínculos coletivos, tanto da comunidade escolar, familiar e do território onde estão localizadas as unidades escolares. Nesse tipo de serviço, ocorre a criação de grupos reflexivos, por meio dos quais o trabalho de acompanhamento é feito dentro de uma perspectiva de médio a longo prazo, com capacidade de produzir resultados mais consolidados junto aos participantes.
Fase 3: A terceira frente de ação visa cuidar de quem cuida. Nessa perspectiva o foco de vai para os profissionais de assistência do próprio município, que também serão acompanhados e escutados dentro das especificidades do contexto.
Segurança
Fase 1: Priorizar policiamento nas imediações das escolas, conclusão do Procedimento que apura o ato infracional perpetrado pelo adolescente e estabelecer protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades.
Fase 2: Priorizar policiamento nas imediações das escolas até a finalização do período letivo, conclusão do Procedimento que apura o ato infracional perpetrado pelo adolescente e estabelecer protocolo PRIORIDADE ALTA para atendimento às unidades.
Fase 3: Planejamento pela Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) das ações para implementação nas escolas no ano letivo de 2023.
Fase 4: Execução do planejamento da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) com atendimento setorizado, por meio de visitas tranquilizadoras, com policiais que fizeram curso de policiamento escolar. Realização de palestras com diretores de escolas, no início do ano letivo de 2023. Manutenção do protocolo Prioridade Alta para atendimento prioritário às unidades escolares.
Sala de Situação
Por meio da Portaria Conjunta nº 01-S das Secretarias da Educação (Sedu), Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), e Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), publicada no Diário Oficial do Espírito Santo, nessa segunda-feira (28), o Governo do Estado institui uma Sala de Situação de Enfrentamento aos atos de violência ocorridos em Aracruz, na última sexta-feira (25). A proposta do grupo é coordenar e articular intersetorialmente as ações no município. O grupo tem realizado reuniões diárias para o alinhamento das ações.