VITÓRIA: Autismo é um transtorno de desenvolvimento que prejudica a capacidade de se comunicar e interagir. O pequeno Davi de Oliveira Garcia, de 10 anos, é autista. Ele foi diagnosticado há quatro anos e começou a desenvolver a fala há um ano. Antes disso, conversava apenas por palavras soltas: “mamãe”, “água”. Com tantas mudanças em tão pouco tempo, há quase um mês, Davi conseguiu ir até a farmácia sozinho e virou um herói.
A mãe de Davi, a gerente comercial Raphaella Jesus de Oliveira, de 33 anos, é quem conta, cheia de orgulho, das conquistas do pequeno, que teve um diagnóstico tardio, com seis anos de idade, sobre o autismo.
Raphaella diz que, aos três anos, o filho só conversava com palavras soltas. Aos quatro, Davi foi ao fonoaudiólogo, de onde foi encaminhado para um neurologista e inicialmente diagnosticado com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
“Eu conhecia outras crianças com TDAH, mas todas conversavam e o Davi, não. Eu perguntava para ele todos os dias como tinha sido na escola e ele não falava. Fiquei agoniada e procurei outro neurologista, foi então que ele foi diagnosticado com autismo, daí em diante foram muitas mudanças”, relembra a mãe.
Davi frequenta ainda um fonoaudiólogo, além de psicólogo, terapeuta ocupacional e, a cada três meses, visita o neurologista. Os dias, como descreve Raphaella, passaram a ser corridos. Além de tudo, o menino vai muito bem na escola, brinca com os colegas, as professoras contam à mãe que ele aprende o conteúdo apenas ao ouvir as explicações e é uma criança carinhosa. “Ele é meu companheiro das aventuras”, diz a mãe.
“MAMÃE, AGORA EU SOU O SEU HERÓI”
Com o diagnóstico tardio, mas com um grande desenvolvimento, Davi, que tem apenas 10 anos, nunca tinha saído sozinho de casa. E, em maio deste ano, um relato emocionante de Raphaella no Instagram descreveu a primeira vez em que o menino foi até a farmácia, que fica na frente de casa, sem a mãe.
Raphaella explica que, no ano passado, até tentou deixá-lo ir sozinho ao mercado, que também fica perto de casa, mas que teve receio e acabou indo com o garoto.
“LEGOTERAPIA”
A “legoterapia” é o nome que a mãe deu à brincadeira com fundo de seriedade. O lego, além de mostrar a incrível habilidade de Davi em construir estruturas ou bandeiras de países, por exemplo, também o ajudou a desenvolver a fala, a coordenação motora, a atenção, entre outros aspectos.
“Ele cria tudo o que ele vê ao redor dele. O lego ajudou ele a falar e eu chamo de ‘legoterapia’. Tudo o que ele faz, ele quer me mostrar e então eu começo a fazer perguntas sobre o que ele fez e isso o ajudou a falar. Esses dias mesmo ele começou a montar bandeiras de vários países, eu fiquei impressionada, a neurologista ficou encantada e, enquanto ele ia me mostrando, eu perguntava de qual país era a bandeira e ele falava”, conta.
ASSENTO PREFERENCIAL
Apesar de ainda estar em fase de desenvolvimento da fala, Davi, como afirma a mãe, é sincero e diz o que vem à cabeça. “Nós passamos na casa de uma prima e, quando estávamos voltando para casa, o ônibus estava cheio. Depois de um tempo, ele virou para uma moça que estava sentada, na verdade eram dois adolescentes, e falou “com licença, eu quero sentar”, eu falei que não, mas ele disse que estava cansado, então um rapaz que estava sentado ao lado dessa moça disse “não levanta não, ele é criança, aguenta ficar em pé”, daí eu mostrei a carteirinha de autista para a moça, e ela se levantou. O mesmo rapaz virou para a gente e falou “mas ele nem tem cara de autista”, relembra
Então Raphaella começou a entrar em contato com a Ceturb para solicitar que o símbolo do autismo fosse incluído nos avisos de assento preferencial, mas não obteve respostas objetivas. A Ceturb-ES informa que o autismo está contemplado no símbolo universal da pessoa com deficiência que já existe dentro dos ônibus. A inclusão do símbolo exclusivo do autismo é uma questão que precisa de análise.
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