ES: Na última quinta-feira (14) foi comemorado o Dia Mundial do Rim. A data é celebrada sempre na segunda quinta-feira do mês de março e, em 2019, a campanha coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) tem a temática “Saúde dos Rins para todos”, cujo objetivo é ampliar o debate da saúde em relação às doenças renais.
“A doença renal não é muito debatida e se faz importante esse processo de conscientização. Muitos a estereotipam, achando que só acomete pessoas mais velhas, mas pode atingir quaisquer faixas etárias. Além disso, é uma doença que muitas vezes somente se manifesta clinicamente em estágios mais avançados”, alerta o médico referência técnica em nefrologia da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Rodrigo Klein.
Segundo dados da SBN, há 850 milhões de pessoas no mundo com algum tipo de doença renal. No Espírito Santo, em levantamento realizado em 2018 pela Sesa, contabilizou-se que 2.300 capixabas fazem diálise devido à Doença Renal Crônica (DRC), uma das formas de doenças renais mais comuns entre os brasileiros e que causa a insuficiência dos rins.
A SBN aponta também para a crescente taxa de mortalidade recorrente à Doença Renal Crônica, que contabiliza aproximadamente 2,4 milhões de óbitos por ano no mundo. O Brasil também apresenta dados preocupantes. “Em um estudo recente, o número estimado de óbito de pacientes em diálise no ano de 2016 foi de 22.337, correspondendo a uma taxa de mortalidade bruta de 18,2% durante o ano. No Espírito Santo, estima-se que podem vir a falecer pouco mais de 400 capixabas por DRC em um ano” aponta o especialista.
A bacharel em Direito Leonara Araújo descobriu ser portadora da DRC há seis anos, após realizar exames de rotina. “Descobri a doença através de um exame de sangue rotineiro, em 2013. Com as taxas alteradas de ureia e creatina, a minha endócrina logo me encaminhou para um nefrologista. Hoje a minha DRC é estágio 5 e faço hemodiálise quatro vezes na semana. Depois do diagnóstico, mudou muito a minha vida, mas consigo ter uma qualidade de vida”, conta.
Fatores de riscos e sinais da doença
O estilo de vida moderno e acelerado tem ligação direta com os fatores de riscos que podem desenvolver a Doença Renal Crônica (DRC). A obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o uso contínuo de medicamentos nefrotóxicos são alguns desses.
“Por ser uma doença que não tem cura, deve-se focar em controlar os fatores de risco modificáveis e os fatores de progressão da DRC. Ficar atento, por exemplo, ao uso contínuo de remédios que possam causar efeito colateral nos rins, como os anti-inflamatórios”, alerta Rodrigo.
O médico atenta também aos sinais e sintomas que o paciente com DRC pode apresentar, como pressão alta, perda de peso, coloração mais pálida na pele devido à anemia, indisposição e diminuição na quantidade da urina, por exemplo.
“Nos estágios iniciais da DRC, o paciente geralmente tem poucos sintomas e só é possível detectar através do exame de sangue e de urina. Por se tratar de uma doença que se manifesta tardiamente, já nos estágios 4 e 5, é importante fazer exames periódicos, principalmente se o paciente estiver no grupo de risco, isto é, se tem pressão alta, diabetes, idade avançada ou é fumante, por exemplo”, explica.
Tratamentos e medicamentos na Rede Estadual
No Espírito Santo são ofertados 18 serviços de Terapia Renal Substitutiva para o tratamento daqueles que sofrem de Doença Renal Crônica (DRC). Os serviços, segundo Rodrigo Klein, são privados, filantrópicos e possuem contratos com a Secretária de Estado da Saúde.
“Dos 2.300 capixabas em diálise, 83% são reembolsados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para os pacientes com estágios pré-dialíticos de DRC, o SUS oferece tratamento clínico conservador com remédios, modificações na dieta e estilo de vida. Aos pacientes com Doença Renal em Fase Terminal (DRFT), o último estágio de evolução da DRC, quando geralmente é necessário algum tipo de terapia renal substitutiva, são ofertados a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal”, informa.
Nas Farmácias Cidadãs de todo o Estado são disponibilizados 17 medicamentos, todos de alto custo e boa parte indisponível em farmácias comuns, para o controle das complicações relacionadas à DRC, como anemia, ferropenia e doença óssea, por exemplo. Em 2018, foram registrados 622 pacientes ativos com doenças renais no cadastro nas 10 unidades de Farmácias Cidadãs.
Leonara faz retirada de ao menos cinco medicamentos mensalmente na Farmácia Cidadã Estadual de Vitória. “Eu lembro a data da minha primeira retirada, 17 de março de 2014. A farmácia é um bem maior para nós, pacientes. E as medicações são de alto custo, muitos não teriam como arcar”, diz.
Segundo Gabrieli Freitas, gerente de Assistência Farmacêutica da Sesa, o tratamento para o paciente renal crônico é complexo e requer acompanhamento contínuo, rigoroso e com equipe multidisciplinar: “Através das Farmácias Cidadãs Estaduais, os pacientes com esta patologia não só conseguem acesso a medicações de alto custo, mas também são acompanhados pelos farmacêuticos. Desta forma, é possível orientar e tirar as dúvidas frequentes dos pacientes, melhorando a eficiência do tratamento e estimulando-os a praticarem o autocuidado”, orienta. (Secom-ES)