
BRASIL: Dezembro está ai e dá para sentir o clima de Natal no ar: as decorações tomam conta das fachadas dos prédios e lojas, as comidas típicas dominam as prateleiras do mercado e, claro, a preocupação sobre o que dar para aquela pessoa especial começa a se intensificar.
Se você é um entusiasta do feriado — ou um cinéfilo em busca de um pretexto para uma maratona —, essa avalanche de referências natalinas é a desculpa perfeita para assistir (ou reassistir) alguns ótimos filmes. Por isso, neste dezembro, o Omelete te recomenda um longa de Natal essencial para você ver por dia, contemplando clássicos e lançamentos recentes, assim como gêneros variados — tudo para que você possa encontrar a companhia ideal para você e sua família neste ano.

ESQUECERAM DE MIM
Para começar a nossa lista, nada mais apropriado que recomendar um clássico — até porque o Natal pede por um filme conforto. Nesse sentido, Esqueceram de Mim é a escolha ideal. Com a direção de Chris Columbus e roteiro de John Hughes — quer dizer, uma combinação que por si só já explica por que, depois de tantos anos, ainda voltamos para esse filme —, o que poderia ser o pesadelo de qualquer criança se transforma em uma aventura tão divertida, engraçada e emocionante que, ao final, você até inveja o azar de Kevin McCallister (Macaulay Culkin). É verdade que o deboche e a ousadia de Culkin são um charme à parte, mas como não exaltar o duo cômico Joe Pesci e Daniel Stern?

A ORIGEM DOS GUARDIÕES
A regra é clara: tem Papai Noel, é filme de Natal! Nessa animação de 2012, acompanhamos Jack Frost (Chris Pine) se unindo a um time de outras criaturas mitológicas para impedir que Breu (Jude Law), o bicho-papão, transforme os sonhos das crianças em pesadelos. Ou seja, é quase um Vingadores animado com Fada do Dente (Isla Fisher), Papai Noel (Alec Baldwin), Coelho da Páscoa (Hugh Jackman) e Sandman em uma história cheia de emoção, fofura e bom humor!

MENORES DESACOMPANHADOS
O maior filme de Natal de todos os tempos — pelo menos, para quem foi criança nos anos 2000! Esta comédia aventuresca divertida é um prato cheio para divertir as crianças mais velhas e os adultos também, é claro. Aqui, um grupo de crianças e adolescentes viajam desacompanhados quando uma nevasca atinge o aeroporto em plena véspera de Natal e impede que seus voos decolem. Cabe, portanto, a eles fugir da supervisão dos adultos e trazer a magia natalina de volta!

O GRINCH
Sim, sabemos o que você vai falar: como assim estamos indicando O Grinch, mas não o filme de 2000? A gente concorda que o longa com Jim Carrey é um clássico, mas precisamos reconhecer que a animação da Illumination é uma gracinha e merece mais reconhecimento do que recebeu. No longa, acompanhamos o Grinch (dublado por Benedict Cumberbatch no original e pelo Lázaro Ramos no Brasil) tentando colocar em prática o seu plano de arruinar o Natal com a ajuda de seu cãozinho. Amamos o mau humor charmoso do protagonista, e a versão animada é um programa para a família inteira!

UM MENINO CHAMADO NATAL
Encantador e lúdico, Um Menino Chamado Natal é uma adaptação do livro de Matt Haig que acompanha as aventuras do jovem Nikolas (Henry Lawfull) em um mundo mágico. Na história, o garoto parte com seu camundongo falante em busca da vila dos duendes, mas no caminho reencontra a magia do Natal. Fofo demais, esse longa é perfeito para assistir com a família e ficar com o coração quentinho. Isso sem mencionar que o elenco inclui nomes como Maggie Smith, Kristen Wiig e Jim Broadbent.

CRÔNICAS DE NATAL
Se Kurt Russell como Papai Noel não é o suficiente para te convencer a assistir a Crônicas de Natal, saiba que esse é um dos filmes de Natal recentes mais divertidos para ver em família! Nele, acompanhamos dois irmãos que precisam ajudar o bom velhinho a salvar o feriado depois de sofrer um acidente com seu trenó. Lançado em 2018, o longa foi um grande sucesso e até ganhou uma sequência super fofa, levando seus personagens ao Pólo Norte! Goldie Hawn dá vida à Mamãe Noel na duologia, que tem Chris Columbus por trás da produção.

O EXPRESSO POLAR
Uma história de Natal girando em torno da magia do Papai Noel nunca falha em conquistar um espacinho na maratona de dezembro! Aqui, um garoto (dublado por Josh Hutcherson, no original) desacreditado no Bom Velhinho pede um sinal de sua existência e embarca em um trem — comandado por Tom Hanks! — com destino ao Polo Norte. É claro que a viagem se torna uma grande jornada de autoconhecimento, repleta de reflexões fofas e metáforas sobre não deixar a mágica sair da sua vida. Resumindo, o filme tem todos os elementos esperados de um longa natalino e encanta aqueles que quer resgatar um pouco do espírito do feriado!

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA
Nada como as festas de final de ano para nos fazer olhar para a vida a partir de uma nova perspectiva. No caso de George Bailey (James Stewart), no entanto, a situação chega a níveis um pouco mais drásticos. Neste clássico que há décadas emociona gerações, Frank Capra conta a história de um homem com grandes sonhos, mas que, por imprevistos ou infortúnios, vê os anos passarem e, com eles, suas ambições. Quando se vê diante de um apuro em plena noite de Natal, ele pede aos céus que nunca tivesse nascido. Com a ajuda de Clarence, um anjo fã de literatura, ele tem seu desejo realizado apenas para entender que, embora não tenha tido a vida que almejava desde garoto, ele conseguira feitos muito mais importantes.
Abordando com muita graça temas tradicionais do feriado, como solidariedade e amizade, o filme é um lembrete de como cada um de nós faz a diferença na vida uns dos outros; é, por essência, uma mensagem de esperança em tempos que, embora festivos, podem muito bem ser duros. Não à toa, há quem o revisite ano após ano, mesmo sabendo que invariavelmente vai acabar chorando.

BARBIE E O QUEBRA-NOZES
Depois de recomendar um clássico no sentido mais pleno da expressão, ver Barbie e o Quebra-Nozes nesta lista pode ser um pouco confuso, sobretudo considerando como a animação parece ter envelhecido mais do que o longa da década de 1940. No entanto, memórias afetivas são também a cara do Natal e, por isso, seria impossível deixar de mencionar este filme que, veja bem, é uma adaptação do balé de Tchaikovski.
Aqui, Barbie (dublada por Kelly Sheridan, no original) conta para a pequena Kelly (Chantal Strand) a história de Clara, uma jovem com vontade de explorar o mundo, mas que teme a desaprovação do avô, um homem muito severo. Contudo, assim que ganha de presente um adorável quebra-nozes, seus receios ficam pequenos perto de todas as aventuras que “imagina” para o personagem. Ao longo de uma viagem mágica para encontrar a misteriosa Princesa Caramelo, Clara e seu herói (Kirby Morrow) se deparam com guloseimas, fadas e coreografias, é claro, conforme encaram o exército do Rei Rato (Tim Curry). Trata-se de uma uma fábula que estimula o espectador a seguir seus sonhos apesar dos vários obstáculos que encontre pelo caminho. Ou, pelo menos, serve como um lembrete de tempos mais simples e doces.

UM NATAL BRILHANTE
Estrelado por Danny DeVito e Matthew Broderick, Um Natal Brilhante é o puro suco da comédia Sessão da Tarde que apenas os anos 2000 foram capazes de produzir. A história acompanha um homem que ficou conhecido como Senhor Natal (Broderick) por suas decorações extravagantes. Um dia, porém, seu reinado natalino é ameaçado pelo novo vizinho (DeVito) e suas pretensões de fazer sua casa tão iluminada que pode ser vista do espaço. É claro que essa rivalidade só poderia acabar em guerra!

KLAUS
“A história de origem do Papai Noel”, embora seja uma sinopse correta, não dá conta de traduzir o charme e o carisma da história de Klaus. Combinando o 2D das animações clássicas com técnicas modernas, a animação da Netflix apresenta um universo sombrio e encantador, onde o mimado carteiro Jesper (dublado por Jason Schwartzman no original, e por Rodrigo Santoro em português) se vê obrigado a cumprir um desafio caso queira manter-se entre os herdeiros do seu pai. Ele precisa entregar milhares de correspondências de uma cidade que não só vive isolada do mundo, como é assombrada por um conflito entre clãs que já dura um século.
É nesse contexto desesperador que ele conhece aquele que um dia viria a ser conhecido como Papai Noel (J.K. Simmons), que se apresenta como a solução para todos os seus problemas. Mas, conforme avança com seu plano espertalhão e, gradualmente, ajuda a construir toda a mitologia por trás da figura do Bom Velhinho, Jesper vê com os próprios olhos como o altruísmo pode mudar a vida de todo um lugar.

OS FANTASMAS CONTRA ATACAM
Um Conto de Natal, de Charles Dickens, é revisitado ano após ano no Natal, senão pelas páginas, através dos filmes. Isso porque o clássico do escritor inglês foi amplamente adaptado no cinema em obras como Minhas Adoráveis Ex-Namoradas, Spirited e o inesquecível O Conto de Natal do Mickey. Hoje, no entanto, recomendamos uma adaptação que foi sensação nos anos 1980, e não só pelo fator nostalgia. Os Fantasmas Contra Atacam tem o mérito de colocar no papel de Ebenezer Scrooge um ator que triunfa na rabugice: Bill Murray.
Neste longa, Murray é Frank Cross, um executivo cínico, incapaz de enxergar ninguém além de si próprio. Na véspera de Natal, porém, ele passa a ser assombrado pelos fantasmas dos Natais passado, presente e futuro, que decidem mostrar para ele na marra o real significado da data.

O ESTRANHO MUNDO DE JACK
Se mesmo vivendo o Natal ano após ano a gente ainda sente um encantamento quase infantil ao ver as decorações e viver tantos reencontros, imagina como deve ser a experiência de alguém que o descobre pela primeira vez. Este é o caso de Jack (dublado por Chris Sarandon no original), o rei da cidade do Halloween e o protagonista de uma das animações em stop-motion mais adoradas do cinema. Tentando se livrar do vazio que sente no peito após, mais uma vez, organizar e executar um Dia das Bruxas bem-sucedido, os horizontes de Jack se ampliam ao se deparar com uma realidade diferente de tudo o que já viveu, onde não há gritos aterrorizantes, mas risadas; onde presentes são dados como demonstração de afeto, e não como armadilhas; e onde há muito mais cores além do preto, do branco e do laranja.
Embora tenha tons alegres e otimistas, a epifania de Jack tem uma melancolia particular, que transborda para seu visual e para suas canções, e está nessa combinação do gótico com o espírito natalino toda a sua graça. Felizmente, entre conclusões precipitadas e trapalhadas — pertinentes para quem tenta dar sentido ao desconhecido, mas nem por isso menos divertidas —, o protagonista encontra uma paixão além do Halloween para movê-lo. Como consequência, a gente tem em O Estranho Mundo de Jack um filme adoravelmente horrível para o qual retornar.

O Conto de Natal do Mickey
Mickey’s Christmas Carol é um curta-metragem de animação feito pelos estúdios Disney, tendo sido lançado em 1983, inspirado pela história clássica de Charles Dickens A Christmas Carol

O Natal de Angela
Então é Natal: época de solidariedade, confraternizações e reencontros. Tópicos que deveriam ser preconizados o ano inteiro, mas que as pessoas costumeiramente valorizam nos festejos natalinos, era do nosso calendário ocidental conhecida por ser a comemoração do nascimento de Cristo e, por isso, momento de renovação de votos. Com atmosfera fria e caracterizações que nos remetem ao catolicismo, O Natal de Angela nos apresenta uma jornada de autoconhecimento muito fofa e cativante, sobre uma menininha que se encanta com a imagem de Jesus no presépio e, preocupada com o frio, carrega o objeto para a sua casa, transformando a vida de todos que se envolve nesta situação inusitada, retratada com humor leve e carisma dos personagens.
Inspirada na publicação de Francis McCourt, a animação lançada em 2018 se situa na Irlanda, no começo do século XX. Focada na mensagem sobre o poder da união de uma família, a trama se desdobra nos acontecimentos mencionados anteriormente. Quem teria levado a imagem de dentro da Igreja? A polícia investiga, o padre fica preocupado e, quando os irmãos e a mãe de Angela descobrem a sua ação, todos começam a viver situações inusitadas, mas que culminam num desfecho feliz, como é de se esperar de uma animação com temática natalina. E o melhor: com tempo de duração curto, o desenvolvimento evita esticar demais os conflitos e inserir elementos desnecessários para a mensagem pretendida pelos realizadores desta trama com forte simbologia cristã, mas assertiva para pessoas de qualquer segmento no âmbito da fé.
Sem cair nas armadilhas de um discurso religioso obcecado por questões católicas, a produção também evita excesso de sentimentalismos, bem como estratégias lacrimejantes, optando por criar personagens envolventes que nos permitem a necessária conexão para o alcance de resultados narrativos satisfatórios. Impossível não terminar a sessão sem ao menos um sorriso no rosto, gratificante pela beleza da trama que alcança eficiência também em sua estética, dominada por cores frias, isto é, tons azulados e acinzentados, representantes do frio que domina a região bastante iluminada por onde a história de passa. Sob a direção de Damien O’Connor, realizador guiado pelo texto dramático elaborado por Will Collins, temos aqui a ideal narrativa natalina para toda a família: engraçada e embasada por um moralismo suave, com boas reflexões.
Em seu desenvolvimento, O Natal de Angela lembra bastante o conto Lumbiá, de Conceição Evaristo, com o diferencial em seu desfecho, pois enquanto a animação encerra o ciclo dos personagens com otimismo, a narrativa literária integrante da coletânea Olhos D’Agua entrega tragédia ao leitor, com o garotinho sendo atropelado após fugir com a escultura do menino Jesus, uma amiga que lhe trouxe encantamento, mas se desdobrou em morte e dor. Ademais, em seus 30 minutos de duração, a história natalina disponibilizada pelo streaming Netflix reforça a ideia de magia neste período do ano conhecido por valorização do altruísmo e da bondade. Indicado para crianças, mas também diletante para adultos.