ES: O desafio de enfrentar a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) tem sido encarado pela Secretaria da Saúde (Sesa) com muita estratégia. No início de janeiro, quando o País começou a ouvir falar de uma nova doença que surgia na China e crescia pelo mundo, a equipe da Sesa realizou a primeira reunião sobre o assunto.
“Naquela hora sentimos que precisávamos nos antecipar ao máximo para o que poderia surgir. A precocidade da capacidade de identificar o risco real da pandemia em solo capixaba nos ajudou a organizar a rede de saúde e a garantir que não faltasse assistência para os pacientes”, destacou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
Confira importantes iniciativas da Sesa para enfrentamento da pandemia.
Criação do Centro de Operações Estratégicas (COE)
Com a criação do Centro de Operações Estratégicas (COE), foi elaborado o Plano de Contingência do Estado do Espírito Santo para a Infecção Humana (COVID-19) pelo novo Coronavírus – SARS CoV2. Coordenado pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde, o documento sofreu diversas atualizações ao longo da pandemia. O plano tem como objetivo promover a redução do risco de contaminação da doença, além de ser um instrumento de gestão com normas concretas e orientadas para organizar, agilizar e uniformizar as ações para a preparação e resposta de emergência. No documento, constam os hospitais de referência para atendimento aos casos suspeitos e confirmados e ações, como critérios de remoção dos pacientes, orientações aos profissionais de saúde que atuam nos hospitais, orientações sobre notificação aos municípios e definição do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen) como o responsável pelas análises das amostras enviadas pelas unidades de saúde, por exemplo.
Organização da rede
A organização da rede de saúde, a partir da Atenção Primária, foi realizada por meio de agendas semanais com os municípios e da elaboração de uma série de documentos orientadores. Foi criada a “Agenda de Resposta Rápida para a Atenção Primária em Saúde de organização e reposicionamento da Atenção Primária à Saúde (APS) durante o enfrentamento da pandemia”, que contempla também ações para o pós-pandemia, com o retorno das atividades que tenham sido suspensas e para o fortalecimento das atividades já realizadas. A agenda está disponível no Portal da Sesa para os 78 municípios e aborda diferentes aspectos da APS.
Foram elaboradas mais de 80 Notas Técnicas para orientar profissionais e a sociedade sobre diferentes temas relacionados à pandemia. Alguns exemplos: orientações e medidas de prevenção e controle da Covid-19, Instituições de Longa Permanência de Idosos, processo de trabalho e manejo odontológico, organização da rede assistencial à gestante, definições de casos operacionais e coletas de exame, tratamento farmacológico, recomendações à rede psicossocial, saúde prisional, entre outros.
Equipes técnicas da Sesa orientam permanentemente áreas técnicas municipais quanto aos fluxos de atendimento e demais serviços necessários para controle da doença. Fluxogramas de atendimento e testagem foram elaborados e estão disponíveis no Portal da Secretaria para consulta.
Por meio de portaria específica, foram redefinidos os perfis das unidades hospitalares para atendimento aos pacientes. Também foi realizada a organização nas estruturas internas dos hospitais para garantir o isolamento dos pacientes suspeitos até obter a confirmação diagnóstica – uma iniciativa importante para evitar maior propagação da doença. Cada unidade hospitalar criou um COE para monitoramento das ações relacionadas à doença.
A rede de urgência e emergência foi reorganizada, com a preparação dos Pronto-Atendimentos (PAs), Unidades de Pronto-Atendimentos (UPAs) e serviços do SAMU 192, o que contribuiu para a redução do tempo de espera por leito de todas as patologias no auge da pandemia (caiu de 1,8/dia para 0,85). A quantidade de ambulâncias para remoção de transporte hospitalar foi ampliada, bem como o SAMU 192, e houve o aperfeiçoamento de todo o mecanismo de regulação dos pacientes.
Matriz de Risco
Por meio da matriz periódica de risco, foi estabelecida uma homogeneidade do contágio pela doença no Estado. Isso permitiu o aprimoramento da organização das atividades nos municípios e os auxiliou na tomada de decisões quanto às medidas de contenção da doença.
O mapeamento de risco leva em consideração o coeficiente de ativos dos últimos 28 dias, a taxa de ocupação dos leitos potenciais de UTI, a média móvel de óbitos dos últimos 14 dias e a quantidade de testes realizados por grupo de mil habitantes. Cada cor revela um grau de vulnerabilidade do município, sendo a cor verde o menor risco e a vermelha o maior risco.
O Mapa de Risco segue as orientações dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde e as recomendações da equipe de especialistas do Centro de Comando e Controle (CCC) Covid-19 no Espírito Santo, que é composto pelo Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil, Sesa, Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
Aquisição de EPI’s
Foram investidos R$ 26 milhões na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para os profissionais de saúde dos municípios e do Estado. Além disso, foram adquiridos 595 ventiladores pulmonares, equipamentos para a rede hospitalar (ultrassom portátil, monitores multiparamétricos, eletrocargiogramas, cardioversores etc.), além de kits de higienização (álcool, touca, máscara, avental etc.).
Vigilância em Saúde
Um destaque no trabalho das vigilâncias em saúde foi a implementação do sistema oficial de notificações para casos suspeitos e confirmados da Covid-19 no Espírito Santo, o e-SUS Vigilância em Saúde. Desenvolvido em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o sistema permite que os dados sobre a doença sejam conferidos em tempo real e georreferenciada, mostrando de forma mapeada onde os casos estão localizados. A Portaria Nº 001-R, de 02 de janeiro de 2020, tornou oficial o e-SUS VS como sistema de notificação no Espírito Santo.
Em abril, foi lançado o Painel Covid-19 ES (https://coronavirus.es.gov.br/painel-covid-19-es), que concentra todas as informações sobre o enfrentamento à doença no Estado, mostrando notificações de casos, bem como ocupação de leitos, sistema de compras, notas técnicas etc., que confere o máximo de transparência dos trabalhos realizados pelo Governo. O painel é atualizado diariamente ao fim do dia, após copilado de dados oriundos de municípios e serviços de saúde públicos e privados de todo o território capixaba, por meio do e-SUS VS.
Uma ação inovadora da equipe de Vigilância em Saúde foi a criação do Comitê de Especialistas, composto por médicos, epidemiologistas, enfermeiros e outros profissionais, que semanalmente debatem, junto ao COE, assuntos relacionados à doença, colaborando com a tomada de decisões por parte do Governo do Estado.
Testagem
O Espírito Santo é hoje referência nacional quanto ao controle da Covid-19 e um dos principais motivos para que o Estado ocupe essa posição de destaque tem sido o trabalho realizado pelo Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES). Por dia, são realizados entre 1.300 e 1.500 testes, com capacidade total de 2.000 testes, e o Governo do Estado pretende aumentar essa capacidade para até 3.500 amostras diárias.
Os testes para a Covid-19 começaram a ser feitos em 11 de março deste ano no Estado. Desde então, já foram realizados mais de 120 mil testes. Como comparação, em todo ano de 2019, foram feitos cerca de 1.200 testes para outras doenças respiratórias. O Governo do Estado investiu em capacitação e equipamentos. Foram adquiridos dois termocicladores (R$ 600 mil), equipamentos necessários para a realização do RT-PCR; 80 mil testes de RT-PCR, marca Macura para o diagnóstico sob forma de kits de amplificação.
Ainda foram adquiridos 30 mil testes de RT-PCR da marca IBMP em forma de kits de amplificação (R$ 3.600.000,00) e 30 mil testes em forma de kit completo extração e amplificação de RT-PCR ultrarrápido marca VERi-Q Nanobiosys.
A Sesa promoveu ampla testagem da doença, alcançando um número cada vez maior da população. A decisão do Estado foi a de não testar apenas pacientes graves como ocorreu na maioria dos estados brasileiros. No Espírito Santo, foram estabelecidos critérios clínicos e epidemiológicos, protocolos científicos para o manejo ambulatorial e hospitalar dos pacientes.
Foram realizadas duas fases do Inquérito Sorológico, com 39.334 pessoas em todas as regiões do Estado. O inquérito é uma estratégia de testagem em massa dentro de uma metodologia científica feita na casa das pessoas, com capacidade de projetar estatisticamente qual é a presença da doença no Estado e qual é a força de transmissão entre um ciclo e outro da coleta.
Ainda foram lançados pela Secretaria o Inquérito Escolar e o Censo Sorológico dos Profissionais da Educação, que terão os dados divulgados em breve. Foram 13 municípios selecionados para a pesquisa do inquérito, sendo que deles foram sorteadas 86 escolas, nas quais serão testados, aproximadamente, 3.400 professores, 2.300 funcionários e cerca de 5.065 alunos, que também foram sorteados – entre aqueles os quais a família demonstrou interesse em participar.
Além do Inquérito Sorológico Escolar, o Governo do Estado também está realizando uma outra estratégia de enfrentamento e monitoramento da pandemia da Covid-19, destinada a todos os trabalhadores da Rede Estadual de Educação, o Censo Sorológico. O objetivo do Censo é fazer um mapeamento de 100% dos profissionais da Rede Estadual de Educação que entraram em contato com o vírus no Espírito Santo.
Expansão de leitos
A estratégia de expansão de leitos elaborada pela Sesa tem garantido uma assistência planejada ao paciente, utilizando-se das estruturas física e profissional dos hospitais tradicionais para atender os pacientes.
A Portaria Nº 071-R/2020, que instituiu o “Leito para Todos”, possibilitou a contratação de leitos da rede filantrópica e privada, que foi realizada em fases e por regiões. No auge da expansão de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o Estado chegou a ter em funcionamento 715 leitos disponíveis para pacientes com o novo Coronavírus, distribuídos em 32 hospitais. Durante a pandemia, foram abertos 585 novos leitos de UTI – sendo que 106 leitos de UTI já existentes foram transformados em UTI Covid. Além dos 585 novos leitos, foram abertos 100 novos leitos de UTI para atendimento a pacientes com outras doenças.
Na região norte do Estado, foram disponibilizadas 78 vagas de UTI e 66 de enfermaria; na região noroeste, 55 de UTI e 98 de enfermaria; na Região Metropolitana, 487 de UTI e 535 de enfermaria e na região sul, 95 de UTI e 118 de enfermaria.
Havendo a inauguração de 160 novos leitos de unidades que ainda estão passando por obras, a previsão é que, após a pandemia, a Sesa tenha 400 leitos novos na rede própria, sendo 280 novos de UTI – o que caracterizará uma maior cobertura aos usuários do Sistema Único de Saúde capixaba.
Sete unidades hospitalares estaduais estão passando por obras que demandam investimentos da ordem de R$ 29 milhões para abertura/adequação de leitos.
O reposicionamento da rede de atenção à saúde hospitalar, realizado pela Sesa, gerou a oferta de até 1.500 leitos para atender, exclusivamente, pacientes acometidos pela Covid-19 no Estado. Esse montante representa 15 hospitais de campanha de 100 leitos cada – estruturas essas que seriam desmontadas após a pandemia. Com a estratégia do “Leito para Todos”, permitiu-se um legado de melhorias na rede hospitalar para os SUS capixaba, que se reflete em melhor proporção leito por habitante.
Investimentos
Com a necessidade do enfrentamento da pandemia, a soma dos recursos aplicados exclusivamente para a Covid-19, até agosto – proveniente do tesouro, de recurso federal, doações ou superávit financeiro –, chega a R$ 600 milhões.
Todo o recurso aplicado teve como objetivo preparar a rede de saúde para enfrentamento à pandemia. Os investimentos feitos desde janeiro deste ano têm garantido a assistência integral aos pacientes, não permitindo o colapso da rede de saúde capixaba em nenhum momento.
O Espírito Santo é nota 100 na avaliação ampliada da transparência das contratações emergenciais no contexto da Covid-19, promovida pela Organização Não-Governamental Transparência Internacional Brasil. O Estado, que já havia obtido nota máxima na avaliação anterior, atendeu novamente a todos os critérios de transparência estabelecidos pela ONG, segundo o ranking divulgado no dia 1º de setembro.
Contratação de pessoal
Por meio de processos seletivos simplificados, foram contratados 2.000 profissionais até o mês de agosto, sendo 210 médicos, 308 enfermeiros, 962 técnicos de enfermagem e 520 profissionais de outras áreas correlatas.
Para enfrentamento da pandemia, 14 mil profissionais de saúde da rede estadual foram mobilizados.
Cuidados não podem parar
Após o período de quarentena generalizada, quando as pessoas começam a voltar às suas atividades, aumentam as interações sociais e, diante disso, os cuidados para evitar e conter o contágio da Covid-19 precisam continuar e até serem redobrados. A Sesa recomenda que, enquanto não tiver a vacina, as medidas de prevenção deverão fazer parte da rotina das pessoas, seja em casa, seja em atividades regulares. São elas:
– Higiene das mãos: lavar as mãos com frequência, assim como o uso regular do álcool 70%.
– Etiqueta respiratória: ao espirrar ou tossir, cobrir o nariz ou a boca para que as partículas não se espalhem pelo ar.
– Cuidado com os calçados: retirar os sapatos antes de entrar em casa reduz a contaminação do ambiente domiciliar com sujeira e, potencialmente, agentes infecciosos.
– Higienização de objetos de compartilhamento: a higienização adequada é fundamental para que patógenos que estejam nas superfícies não se proliferem ou contaminem outras pessoas.
– Uso de máscaras: deve ser adotado por evitar que pequenas gotículas com vírus fiquem suspensas no ar.
– Distanciamento social: várias doenças transmissíveis por contato podem ser evitadas desta maneira, não apenas o novo Coronavírus.