LONDRES (Reuters) – Parlamentares britânicos rejeitaram o acordo do Brexit da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, nesta terça-feira, aprofundando a crise enfrentada pelo país e forçando o Parlamento e decidir dentro de dias se deseja apoiar uma saída sem acordo ou buscar um adiamento de última hora da separação da União Europeia.
Os parlamentares votaram contra um acordo modificado de May por 391 a 242 votos, à medida que as conversas de última hora da premiê com líderes da UE na segunda-feira para acalmar as preocupações de seus críticos se mostraram infrutíferas.
A votação coloca a quinta maior economia do mundo em território desconhecido sem um caminho óbvio à frente: deixar a UE sem um acordo, adiar o prazo de 29 de março para o divórcio, uma eleição antecipada ou até mesmo um novo referendo são possibilidades.
May pode até tentar pela terceira vez obter apoio parlamentar na esperança de que eurocéticos linha-dura em seu Partido Conservador, os críticos mais duros do acordo que ela negociou, mudem de ideia se ficar mais claro que o Reino Unido pode acabar permanecendo na UE.
Apesar da derrota, a margem desta terça-feira foi menor do que o recorde de 230 votos de janeiro.
Agora, parlamentares votarão na quarta-feira para decidir se o Reino Unido deve deixar o maior bloco comercial do mundo sem um acordo, um cenário que, segundo líderes empresariais, causaria caos em mercados e cadeias de fornecimento, e que, de acordo com outros críticos, resultaria em escassez de alimentos e remédios.
May disse que o governo não irá orientar seu próprio partido sobre como votar, como normalmente seria o caso.
Um porta-voz do oposicionista Partido Trabalhista disse que isso quer dizer que May “desistiu de qualquer pretensão de liderar o país”. O porta-voz político de May disse que ela não discutiu a possibilidade de renunciar ao cargo.
A primeira-ministra, rouca após as longas conversas de segunda-feira, disse a parlamentares: “Deixem-me ser clara. Votar contra deixar sem um acordo e por uma prorrogação não resolve os problemas que enfrentamos”.
A oposição ao acordo de May dentro do Partido Conservador se deve à crença de que os termos não fornecem a ruptura clara da União Europeia pela qual muitos votaram.
Defensores do Brexit argumentam que, embora uma separação sem acordo possa trazer alguma instabilidade a curto prazo, a longo prazo o processo poderia permitir que o Reino Unido prosperasse e firmasse benéficos acordos comerciais por todo o mundo.
Entretanto, o Parlamento também deve rejeitar firmemente um Brexit sem acordo, o que faria com que parlamentares votassem novamente na quinta-feira —desta vez para decidir se o governo deve solicitar um adiamento da data de saída para possibilitar a realização de mais negociações.