BRASIL: A liberação de parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) deve aquecer a economia e beneficiar principalmente classes sociais mais baixas. Mas especialistas também alertam sobre os cuidados na hora de sacar o dinheiro e como utilizá-lo.
O economista Mário Vasconcelos acredita que o resultado na economia brasileira será positivo. “Hoje, 41% da população brasileira está com nome sujo no SPC Serasa e 81% das contas ativas do FGTS não chegam a ter R$ 500. Com esse saldo, as pessoas vão pagar dívidas, podendo limpar o nome e voltar a consumir”. No país, a estimativa é de que 100 milhões de trabalhadores tenham direito a realizar o saque.
Ele aconselha priorizar dívidas com juros mais altos. “Mesmo que não possa pagar a dívida toda, vale amortizá-la, para pagar menos juros no futuro. O que não pode é ter o débito e gastar esse dinheiro com outra coisa”, explica.
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O educador financeiro Fabrizio Gueratto concorda que a melhor forma de usar os recursos é pagar dívidas, priorizando cartão de crédito e cheque especial. Mas, caso o trabalhador esteja em dia com as contas, ele defende que o ideal é investir em algo que traga retorno.
Uma dessas formas é investir em equipamentos que aumentem a renda do trabalhador. Um exemplo é uma dona de casa que faz bolos por encomenda e pode comprar utensílios de cozinha para conseguir atender mais pedidos. Outro é o motorista de aplicativo que pode colocar um kit gás no carro para economizar no combustível.
Caso esteja com a vida financeira organizada, outra opção é investir. Para quem quer sair da poupança, Gueratto recomenda aplicações em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) ou Letras de Crédito (LCI ou LCA), que são maneiras de injetar dinheiro na economia e obter bons retornos.
Com a liberação do FGTS, o governo pretende incentivar o consumo. Entretanto, usar esse dinheiro para novas compras é bom para a economia do país, mas não necessariamente para a saúde financeira da pessoa. “Em hipótese alguma esse dinheiro deve ser usado para adquirir produtos que não gerem valor agregado”, diz o educador.
Gueratto também recomenda que o dinheiro não seja gasto para substituir eletrônicos ou eletrodomésticos que ainda funcionam bem: “Celular, por exemplo, as pessoas trocam sem necessidade, mais por vaidade”. É importante ainda evitar fazer mais dívidas. “Se a pessoa se conhece e sabe que não tem controle financeiro, é melhor nem sacar o dinheiro”, ele sugere.
SAIBA COMO UTILIZAR O DINHEIRO
O que fazer?
– Pagar dívidas, priorizando as que têm juros mais altos, como de cartão de crédito e cheque especial;
– Guardar o dinheiro na poupança, que já é uma aplicação que rende mais que o FGTS;
– Aplicar em investimentos que têm rentabilidade ainda maior, como CDBs, LCIs, LCAs ou ações na Bolsa de Valores;
– Comprar bens que podem trazer retorno líquido, como instrumentos que otimizam e agilizam trabalho, por exemplo;
– Começar um fundo de emergência para o futuro, na poupança ou em investimentos de longo prazo.
O que não fazer?
– Não trocar eletrônicos ou eletrodomésticos por modelos mais novos sem necessidade;
– Não comprar bens materiais como eletrônicos, roupas ou cosméticos por impulso;
– Não fazer compras sem ter o dinheiro para pagar na hora, ou seja, compras que gerem novas dívidas;
– Não deixar o dinheiro no FGTS, porque há outros fundos ou investimentos que, anualmente, garantem rendimento maior;
– Ou não sacar o dinheiro, se a pessoa sabe que não tem bom controle financeiro e pode acabar gastando impulsivamente.