SUÍÇA: Quais são as suas melhores memórias de infância? Jogar queimada até anoitecer, andar de bicicleta, fazer coreografias de nado sincronizado com as amigas na piscina, pular elástico, pintar e desenhar, montar uma loja com as roupas do armário e vender para compradores imaginários, dançar as músicas da banda preferida ou criar peças de teatro para a família assistir?
“A brincadeira é o momento mais garantido para construir a si mesmo. É a melhor oportunidade que a criança tem de reconhecimento intenso e verdadeiro do que ela é e como pode tornar transparente tudo aquilo que ela virá a ser. O brincar sempre foi ferramenta para a existência, deve ser um núcleo muito importante do nosso investimento em ser gente”, diz a educadora Rosane Almeida, fundadora do Instituto Brincante (SP) ao lado do marido, o artista Antônio Nóbrega.
O faz de conta abre um mundo de possibilidades e experimentações à criança por meio das quais ela adquire habilidades que vão promover seu desenvolvimento em todas as áreas, como motora, cognitiva e emocional. “Brincar, em toda a sua variedade, é uma das maiores realizações da espécie humana, ao lado de linguagem, cultura e tecnologia. Sem a diversão nenhuma dessas conquistas seria possível”, afirma o psicólogo e professor David Whitebread, da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge (Inglaterra)
Abaixo, acompanhe alguns pontos listados no livro A importância do Brincar: Um Relatório sobre o Valor da Brincadeira das Crianças com uma Série de Recomendações Políticas.
- À flor da pele
Alegria, medo, raiva, vergonha. As brincadeiras, em especial quando em conjunto com outras crianças, podem despertar vários sentimentos. Seu filho aprende a reconhecer essas emoções e a expressá-las, o que é fundamental para o autoconhecimento, comunicação e autocontrole.
2 Amigo da natureza
A geógrafa Andréia Quintão, 34 anos, adora proporcionar aos filhos momentos de brincadeiras ao ar livre. Mãe de Miguel, 7, Lucas, 3, e João, 3 meses, ela acredita que, dessa forma, eles aprendem a respeitar e a cuidar do meio ambiente. “Eles investigam insetos com lupa, recolhem folhas caídas e tentam adivinhar de qual árvore são. Acredito que assim aprendem como a natureza funciona e desenvolvem amor e cuidado em relação a ela”, diz.
3 Respeito sempre
É na convivência que a criança aprende a respeitar o outro, seja os pais, os professores ou os irmãos. E na brincadeira com os amigos isso se faz fundamental. Ao interagir, a criança aprende a ouvir e a compreender os outros e suas diferenças.
4 Tecnologia amiga
Nem pense em travar uma batalha desnecessária. As crianças já nasceram nesse universo digital, estão inseridas nele e farão uso da tecnologia agora e no futuro. E está tudo certo até aqui. A ressalva dos eletrônicos como brincadeira é para que não sirvam como babás virtuais toda vez que você quer ter uma refeição tranquila no restaurante ou precisa de meia hora de paz na sua casa
5 Bom sono
Se o seu filho está com dificuldades de dormir, que tal caprichar nas brincadeiras? Claro que não dá para agitar a criança e querer pular na cama ou brincar de pega-pega justo na hora do sono, mas as brincadeiras durante o dia, que mantêm a garotada ativa, contribuem, sim, para uma bela noite de descanso
6 Foco é tudo
É uma graça ver a carinha de concentração de uma criança ao montar um quebra-cabeça, empilhar uma torre com blocos ou fazer um desenho mais elaborado – os olhos chegam a ficar apertados e a língua presa entre os dentes! O poder de concentração, foco e atenção é estimulado em brincadeiras como essas e é útil em diversas fases da vida do seu filho, como para fazer uma prova ou resolver um conflito.
7 Cérebro a mil
“Quando uma criança brinca, ela ativa as suas redes neuronais, exercitando sua imaginação, curiosidade e desenvolvendo o aspecto emocional e a personalidade, além de auxiliar no desenvolvimento motor. As brincadeiras atuam principalmente no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pelo planejamento de comportamentos, pensamentos complexos, tomada de decisões e expressão da personalidade, e na amídala cerebral, associada à cognição, ao controle emocional e à memória.
8 Quem sou eu?
Além de entender o mundo, a criança percebe quem ela é e isso ajuda a construir sua identidade. Isso porque o brincar é a principal linguagem da criança, independentemente de cultura ou meio econômico. Na diversão, ela interage com seu corpo, com os pais, com os objetos, com tudo ao redor. Assim, se apropria e se entende e vai trazendo seu modo próprio de agir.
9 Mundo dos números
Empilhar blocos para construir uma torre, montar um quebra-cabeça ou organizar os móveis na casinha de madeira podem parecer atividades simples, mas elas desenvolvem capacidades que serão úteis no futuro. Já observou-se que crianças de 3 anos que brincam com blocos didáticos possuem melhores habilidades em matemática e noção de espaço quando viram adultos.
10 Na escola também
E não estamos falando apenas da Educação Infantil. O faz de conta deve participar da rotina escolar sempre. Se a criança brinca na escola, sua identificação positiva com o aprendizado fica mais fácil. No mundo atual, em especial nas grandes cidades, o pátio do colégio ainda é um dos poucos espaços amplos onde elas podem brincar em conjunto e só isso já valeria a garantia desses momentos nas instituições de ensino
11 Bom de garfo
A brincadeira pode ajudar seu filho a comer melhor. E não estamos falando de fazer aviãozinho. Levar a criança à feira e desafiá-la a acertar as frutas pelo cheiro, escolher uma receita e transformarem-se em chefs de cozinha, fazer um jogo de experimentar ao menos um novo alimento a cada dia, colocar uma venda nos olhos e adivinhar o que é pelo sabor
12 Xô, obesidade!
Na maioria das brincadeiras, a criança precisa mexer o corpo – o que ajuda a combater o sedentarismo e a obesidade infantil, problema sério atualmente. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou recentemente um manual dedicado ao incentivo da prática de atividades físicas, que obviamente incluem as brincadeiras. O material sugere atividades para os bebês, que devem rolar ou engatinhar para alcançar brinquedos, e para as crianças maiores, como andar de bicicleta, jogar bola ou brincar de pega-pega.
13 Rir é o melhor remédio
Tem coisa melhor do que dar uma boa gargalhada? Sim! Ouvir aquela risada deliciosa do seu filho. Na brincadeira isso acontece a todo momento, o que contribui diretamente para o bem-estar. Isso porque gargalhar ativa cerca de 24 músculos da face, melhora a circulação e a oxigenação das células, além de reduzir os hormônios do estresse e liberar os de relaxamento.
14 Cara a cara com a adversidade
Cada vez mais falamos da importância de não poupar a criança de toda e qualquer situação difícil, de não superprotegê-la e de permitir que ela se frustre – afinal, a vida é assim. Ao brincar, ela tem amostras diárias de tudo isso, quando perde no jogo ou quando o amigo não quer brincar da maneira como ela sugeriu, por exemplo. É aí que entra em cena uma das habilidades emocionais mais valorizadas hoje: a resiliência
15 Coordenação de todo tipo
Já que o brincar pressupõe deixar a criança mais ativa, ela ganha outro benefício: o desenvolvimento da coordenação motora. Desde o famoso “cadê, achou” do bebê, a dança desengonçada quando começa a andar até as brincadeiras com bola ou de montagem de pulseiras, tudo permite ao seu filho experimentar o que o corpo é capaz e desenvolver a coordenação, da mais ampla à fina. Mas, lembre-se: isso só acontece se você deixar que ele corra, tropece, caia e levante de novo!
16 Em busca do coletivo
Nos jogos em grupo, como o basquete e a queimada, as crianças aprendem desde cedo a trabalhar em equipe, a se relacionar com os demais e percebem que não dá para ser tudo do jeito delas. Elas se envolvem em uma atividade que exige, gradativamente, o exercício da escuta e da cooperação e aprendem a regular suas ações e as dos amigos, negociando estratégias para chegarem a um objetivo.
17 Vitamina S
Sujeira faz bem. Por isso, permitir que seu filho se suje na grama, na terra, na areia ou no parquinho estimula o contato com as bactérias “boas”, tão necessárias para o bom funcionamento do nosso corpo, como afirmam os microbiologistas B. Brett Finlay e Marie-Claire Arrieta, pesquisadores da University of British Columbia (Canadá), no livro Let Them Eat Dirt: Saving Your Child from an Oversanitized World (Deixe que Eles Comam Terra: Salvando seus Filhos de um Mundo Hiper-Higienizado, em tradução livre). Além de aumentar a resistência a alergias, o brincar induz à felicidade e ao prazer, melhorando a imunidade como um todo.
18 Na cabeça e no coração
A memória é uma capacidade estimulada o tempo todo no brincar – e não é só no jogo que leva essa palavra. Ela faz parte das ativações cerebrais desenvolvidas na brincadeira, além de estar relacionada àquilo que registramos quando estamos felizes. As associações que as crianças fazem com experiências que, na maioria das vezes, são prazerosas reforçam a memória. Sempre aprendemos melhor com aquilo que nos é interessante e agradável.
19 Só e bem acompanhado
Não fique preocupado em arrumar companhia o tempo todo para o seu filho brincar. Claro que ele tem inúmeros aprendizados ao se divertir com outras crianças, mas brincar sozinho é uma excelente oportunidade para que ele desenvolva a iniciativa e se entretenha por conta própria. Além disso, promove a autonomia no sentido de que estar consigo mesmo basta.
- Eu consigo!
Brincar também desenvolve a autoestima e a confiança. Quando a criança acerta uma peça de encaixe, arremessa um pião com sucesso ou anda de bicicleta sem rodinhas, ela sente total satisfação por produzir algo e aprender a importância da persistência e da dedicação.
- Tanto amor…
O que acontece quando você faz caretas para arrancar gargalhadas do seu bebê, dança com ele no colo, incorpora a cliente do restaurante de mentirinha do seu filho, brinca de esconde-esconde ou monta uma cidade com as miniaturas de carrinhos dele? Estreita o vínculo, reforça os laços afetivos e aumenta ainda mais o amor entre vocês. A brincadeira também tem esse poder: unir pais e crianças. Para isso, você tem que estar inteiro e disponível naquele momento, mesmo que seja por meia hora, e entrar de cabeça no faz de conta. É o que pratica a empresária Katiuscia Cancian Alves, 36, que adora participar das brincadeiras das filhas Julia, 5, e Lívia, 2. “Teve dia do pijama na escola. Não me contentei em apenas elas estarem vestidas com as roupas de dormir, fui levá-las com meu pijama também. E não pense que fiquei só dentro do carro! Brincamos de ser feliz e isso nos aproxima ainda mais”, conta.
22 Pequenos exploradores
Juntar folhas e misturar na água para fazer um experimento científico, ver quanto tempo consegue se equilibrar em um pé só, juntar uma lupa e uma lanterna e bancar o agente secreto. Em meio a um sorriso largo de felicidade, a criança exerce a capacidade de investigação e se sente encorajada a explorar e fazer descobertas.
23 Muita calma nessa hora
A paciência é outra grande virtude que a criança aprende se divertindo. Seja para esperar sua vez no jogo ou montar um quebra-cabeça, por exemplo, quando precisa separar as peças, organizar uma estratégia e insistir até finalizar e ver o resultado final. Outra forma de exercitar a calma do seu filho é contar histórias em capítulos, uma parte por dia, sempre terminando com algo que desperte a curiosidade dele. Isso vai ajudá-lo a ter serenidade para aguardar o desfecho.
24 Sem vergonha
Se o seu filho é daqueles que quando vê alguém tenta se esconder atrás de você, é normal que seja difícil para ele expressar suas emoções ou dar uma opinião. No jogo coletivo, um faz de conta ou um circuito de desafios, fica mais fácil para ele se soltar e superar a timidez.
25 Cultura para todos
Quando seu filho manuseia um instrumento musical, pinta um quadro ou monta uma peça de teatro com os amigos, vivencia a arte e desperta sua curiosidade para a música, as artes plásticas, a dança. Afinal, a arte em si já é uma brincadeira. É uma ferramenta de construção de um ser humano mais íntegro e inteiro.
26 Ensaio para o futuro
Você é o grande exemplo para o seu filho e não é raro vê-lo imitando sua maneira de falar e de se comportar. É natural a criança ter curiosidade pelo mundo adulto, admirar os mais velhos, e isso se reflete nas brincadeiras, como a de mamãe e filhinho ou as que representam profissões. Dessa forma, ela experimenta seus gostos e vivencia o futuro, ficando mais preparada para os desafios que virão. “O faz de conta permite que a criança se insira no seu meio, resolva problemas e desempenhe papéis sociais que terá que realizar mais adiante. Ele é uma preparação para a vida”, diz a professora Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Faculdade de Educação da PUC-SP.
27 Junto e misturado
Muitos pais e professores têm medo de deixar as crianças brincarem com outras de idades diferentes, especialmente as mais velhas. Claro que, em algumas situações, é preciso certo cuidado, como no pula-pula ou em um jogo com bola. Afinal, os menores podem se machucar. Mas, no geral, há muito mais benefício nessa mistura de idades. Nesse momento de interação, o mais velho tem que prestar atenção em seu entorno, quando precisa parar de correr, por exemplo, e cuidar do outro. Já os bem pequenos podem não interagir, mas observam, imitam posturas e adquirem habilidades. O respeito ao ritmo de cada um também é um grande aprendizado que a brincadeira proporciona – desde a criança maior com um bebê, por exemplo, até quando seu filho precisa entender que a avó anda mais devagar e não consegue acompanhá-lo em uma corrida na praça.
28 Palavras a mais
O desenvolvimento da linguagem e da oralidade é outra grande conquista do brincar tanto para a criança que está aprendendo a falar quanto para aquela que já está ampliando seu vocabulário. Isso porque, para se fazer entender e se comunicar com os colegas na brincadeira, ela precisa nomear objetos ou ações bem como expressar sentimentos, desejos, limites e dificuldades.
29 Aliado poderoso
Quando seu filho fica doente, você morre de pena por vê-lo cabisbaixo e sem ânimo, não é? Ainda mais quando ele precisa ficar no hospital. Brincar nessas horas funciona como uma terapia. A diversão provoca a liberação de endorfinas, também conhecidas como hormônio do bem-estar. A felicidade é tão importante neste momento que pode até aliviar temporariamente a dor.
30 Troca-troca
O brincar é um excelente meio de ensinar as crianças também sobre o consumismo: desde que não é certo comprar um brinquedo novo a cada passeio no shopping até o cuidado que precisam ter com suas bonecas, jogos, carrinhos e afins, para que durem mais. Uma boa dica é participar de feiras de troca de brinquedos e praticar o desapego desde cedo, além de mostrar ao seu filho a importância de doar àqueles que não têm – que tal fazer uma limpa no armário antes do aniversário ou do Natal? Assim, abre-se espaço para as novidades e doa-se o que a criança não brinca mais. “Adoro participar dessas feiras de troca, acho uma experiência riquíssima para eles, desde a escolha daquilo que vão desapegar até a negociação lá na hora, quando procuro deixá-los livres, sem pensar ‘mas esse vale mais que aquele’. Afinal, isso não é importante para as crianças”, diz a revisora Ana Luísa Pereira, 36, mãe de Elis, 9, e Francisco, 4.
31 Faz de conta
No mundo da fantasia, seu filho pode ser o que quiser, cozinheiro, astronauta, atleta, super-herói, médico, além de criar histórias e dar novas funções aos objetos (uma vassoura vira cavalo, um tecido vira capa e um jornal vira lençol para a boneca). E é nesse momento que ele exercita a criatividade, tão fundamental para tudo na vida. Para isso, ofereça sempre brinquedos estruturados (jogo pronto) e não estruturados (sucata) ao seu filho.
32 Risco calculado
Escorregador, balanço, gangorra, gira-gira… Qual criança não ama um parquinho? Esse ambiente é um convite e tanto para o seu filho aprender questões da física quando, por exemplo, pensa no peso necessário para equilibrar a gangorra. E tem mais: A criança aprende a avaliar riscos e tomar decisões, refletindo sobre situações como: ‘Será que subo mais um degrau nesse trepa-trepa?’, ‘Será que vou me machucar?”
33 Tudo meu
Crianças até 3 anos têm dificuldades para dividir. Mas, com a orientação dos pais e cuidadores, estimulando a brincadeira partilhada, aos poucos, ela percebe como é bom compartilhar. Tarsila, 2 anos, filha do artista plástico Raphael Armando, 34, está nessa fase. Ao encontrar a filha de uma prima, um ano mais velha, logo começaram os conflitos. “Elas se ‘mataram’ no começo. Até que conversamos com as duas. Elas começaram a dividir os brinquedos e depois viraram melhores amigas”, lembra. O aprendizado da generosidade começa assim e depois torna-se mais complexo, quando a criança aprende a emprestar e a doar os brinquedos que não usa mais para quem não tem.
34 Para espantar o medo
Seja do escuro, de cachorro, de trovão ou de conhecer pessoas novas, é natural a criança pequena sentir medo. E não é que brincando ela tem a chance de lidar com tudo isso de maneira mais leve? Exatamente! E ela nem se dá conta da “terapia” que está fazendo. Se o seu filho tem receio de ir ao pediatra, por exemplo, experimente dar a ele um kit de médico de brinquedo e banque o paciente – com certeza, ele estará mais tranquilo na hora da consulta. Se o pavor é achar o bicho-papão embaixo da cama, que tal colocar água aromatizada em um borrifador e brincar que é uma poção para espantar monstros?
35 Desavenças
Nada mais natural do que surgirem impasses nas brincadeiras – e, voilà, não tem nada demais nisso. Seja sozinho ou em conjunto com os amigos, seu filho precisa encontrar uma solução para os conflitos. E nada de tomar a frente dele nesse momento. É o chamado uso social do brincar. A criança não tem maturidade para entender que o amigo pensa diferente. Os aprendizados que surgem disso são um exercício para os conflitos do futuro.
36 Alívio na rotina
No nosso dia a dia corrido, em que é preciso conciliar reuniões de trabalho, compras no supermercado, arrumar a mochila do filho, levar para a escola, marcar o dentista, ir à academia e mais um monte de tarefas que deixariam esse tópico quase interminável, o brincar pode ser um grande aliado para deixar o dia a dia mais leve. Em vez de brigar com o seu filho para guardar os brinquedos ou vestir logo o uniforme, por exemplo, que tal propor uma competição para ver quem consegue se trocar mais rápido ou guardar a maior quantidade de brinquedos em caixas separadas? Também dá para se divertir arremessando a roupas sujas no cesto, desenhar na hora do banho (com aqueles lápis de cera laváveis) e o que mais sua imaginação permitir.
37 Abaixo o preconceito
Na brincadeira, a criança tem contato com a diversidade e isso traz uma lista de benefícios: respeito ao diferente, tolerância e novos exemplos. Por isso também é tão importante não estimular a distinção de brinquedos e brincadeiras por gênero, como os carrinhos para os meninos e as bonecas para as meninas. Quando só os meninos podem ser astronautas, policiais ou os chefes nas brincadeiras, por exemplo, isso passa a imagem de que são mais poderosos, como mostrou um estudo das Universidades de Nova York, Princeton e Illinois (EUA). A pesquisa chegou à conclusão de que as meninas acreditam que ser um “gênio” é algo destinado apenas ao sexo masculino. O melhor que podemos fazer pelos nossos filhos é usar o brincar para derrubar estereótipos desse tipo.
38 Mais empatia
Em um mundo tão individualista é preciso saber se colocar no lugar do outro. E essa é mais uma conquista que a criança aprende brincando, como de casinha, exemplifica a neurocientista Lise Eliot em seu livro Cérebro Azul ou Rosa: O Impacto das Diferenças de Gênero na Educação (Artmed): “Brincar de boneca e encenar os papéis de pai e mãe reforça habilidades sociais e emocionais: cuidar de outras pessoas, levar em conta suas necessidades e atendê-las, bem como perceber o que elas estão sentindo”.
39 Por quê?
Todo jogo tem regra, certo? Mas, quando a criança sugere mudanças, e faz isso com respeito, ela também aprende a questionar. E isso pode ter reflexo no futuro, como mostrou um estudo da Universidade Estadual do Kansas (EUA). A pesquisa sugeriu que crianças que quebram regras têm mais chances de se tornar líderes bem-sucedidos à frente de grandes empresas.
40 Sentidos aguçados
Dancem e cantem, sintam a água batendo no corpo ao brincarem num banho juntos. As possibilidades são infinitas, especialmente ao ar livre. Na pracinha, por exemplo, a criança pode sentir a diferença da brisa para o vento, escutar um passarinho, o barulho do carro correndo na rua e até perceber diferentes temperaturas, como da madeira ou metal de um banco. Esse aguçar dos sentidos é benéfico para seu desenvolvimento integral.
41 O importante é ser feliz!
Com a criança inserida cada vez mais cedo no mundo competitivo, em que inclusive a própria brincadeira às vezes é usada para atingir objetivos, e na qual ela já sofre pressão por resultados, um grande benefício do brincar é justamente ter esse tempo para só se divertir, sem pensar em produtividade. Ou seja, esse momento deve ser livre de qualquer amarra, sem intuito de sucesso, pura diversão e alegria. Como já dizia o poeta brasileiro Mario Quintana: “As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade”. (Revista Crescer)