BRASIL: Mundo afora os governos estão se estruturando para oferecer subsídios para manter pelo menos parte dos salários e renda da população afetada em seu orçamento pela Pandemia do Coronavírus. Porém, o que muitos não querem ver é que estes auxílios vão acabar ou diminuir e aí a realidade do estrago causado pela pandemia será brutal em cada país, estado, cidade ou lar.
No Brasil, os três primeiros meses do Auxílio Emergencial representarão a injeção de R$ 125 bilhões. O ministro da Economia, Paulo Guedes sinalizou a possibilidade de prorroga-lo por mais dois meses, ao valor de R$ 200,00. Pensando-se de forma genérica, estima-se que hoje, uma a cada três brasileiros estão recebendo algum recurso do Governo, representando mais de 70 milhões de pessoas. Soma-se Auxílio Emergencial, Bolsa Família, Funcionários Públicos, Aposentados… como manter esta conta?
Mais da metade da população adulta da Grã-Bretanha está recebendo dinheiro do governo para manter 80% dos rendimentos dos assalariados na crise, entre outros benefícios fixos. Nos Estados Unidos, o cheque de 1.200 dólares para segurar a barra foi mandado de uma vez só.
Na Espanha, o governo está procurando uma fórmula que crie “incentivos para a volta ao trabalho” e diminua o tamanho da bolsa-salário, chamada ERTE. Não faltam resistências, tanto de empresas quanto de sindicatos, aliviados por jogar a bomba nas costas do “governo”.
Por quanto tempo é possível segurar isso?
“Claramente, não é uma situação sustentável”, disse o ministro da Economia britânico, Richi Sunak, que no começo da crise exibia um otimismo de fachada – como um milionário por direito próprio e formado em Administração por Stanford, entendeu perfeitamente o tamanho do buraco.
Na Inglaterra, somando os beneficiados pela verba de emergência aos funcionários públicos, mais aposentados e pensionistas, o reino tem nada menos de 27 milhões de pessoas recebendo dinheiro do governo.
É possível isso? Todo mundo sabe que não.
Acenando com entusiasmo a maleta vermelha típica dos ministros ingleses quando anunciou que o governo bancaria a licença remunerada para os funcionários de empresas entaladas pela pandemia, Sunak agora está preparando o terreno para a má notícia.
O esquema vai ser gradualmente desativado, passando primeiro de 80% para 60% os pagamentos para cobrir salários, à medida em que a quarentena começa a ser levantada e os assalariados voltam a trabalhar.
Mas trabalhar aonde?
Sem a responsabilidade de manter a fachada de situação sob controle exigida aos que estão no comando, Norman Lamont, que já foi ministro da Economia, analisou: o sistema de licença remunerada bancada pelo governo ocultou uma realidade brutal.
Setores inteiros da economia vão desaparecer. Não haverá uma empresa, fábrica ou comércio para onde voltar.
Os mais atingidos já são conhecidos: a parte do setor de serviços que inclui hospitalidade, turismo, restaurantes, hotéis, empresas aéreas.
No conjunto da Europa, são 100 milhões de pessoas que trabalham – ou trabalhavam – nessas áreas.
Nos Estados Unidos, o exemplo mais conhecido, em todos os lugares do planeta, é o da Disney.
O reino encantado, com seus 14 parques temáticos, sofre com a maldição da bruxa má. Os lucros caíram nada menos que 91%, 100 mil funcionários foram para a licença não remunerada, 42 mil quartos de hotel em três continentes sofrem desocupação recorde, quatro navios de cruzeiro estão ancorados e é difícil imaginar quando voltarão a navegar.
O conglomerado é imenso, abarcando cinema, televisão, streaming e outras áreas, mas é o baque nas atividades turísticas que tem o maior efeito simbólico: um lugar criado para ser um mundo de fantasia devastado por um vírus alienígena.